As autoridades da Califórnia estão processando o banco de investimento Morgan Stanley & Co. pelas enormes perdas sofridas pelos fundos de pensão públicos por ocasião do colapso do mercado imobiliário.

Na ação, o Morgan Stanley é acusado de levar os gestores de investimentos dos fundos CalPERS e CalSTRS a comprar títulos tóxicos lastreados em hipotecas durante a bolha imobiliária com base em níveis artificialmente baixos de riscos, diz um comunicado.

Impetrada no Tribunal Superior de São Francisco, a ação não especifica os prejuízos financeiros, limitando-se a afirmar que os dois fundos de pensão “sofreram perdas maciças em função da conduta do Morgan Stanley”.

Ações anteriores movidas pelos fundos acerca dos mesmos investimentos alegavam perdas que, somadas, chegavam a mais de US$ 1 bilhão. A maior parte do prejuízo ficou com o CalPERS.

“Esta ação faz-se necessária para responsabilizar o Morgan Stanley pela destruição causada à Califórnia, ao nosso povo e aos nossos fundos de pensão”, disse, em nota, a procuradora-geral do estado, Kamala Harris.  

O CalPERS (California Public Employees’ Retirement System) passou anos tentando recuperar as perdas sofridas com “veículos de investimento estruturados”, que consistem em carteiras diversificadas de hipotecas e outros empréstimos ao consumidor. No mês passado, o fundo fez um acordo no valor de US$ 130 milhões com a Moody’s Investors Service, que atribuiu classificações elevadas de crédito a tais investimentos, os quais estavam permeados de empréstimos pouco confiáveis.

A ação impetrada na última sexta-feira, dia 1º de abril, diz que o gigante Morgan Stanley “embalou” e vendeu bilhões de dólares em papéis, escondendo, ao mesmo tempo, o fato de que muitos dos empréstimos subjacentes eram frágeis e entrariam em default. Segundo o processo, um funcionário da Morgan Stanley que seria responsável pela avaliação dos empréstimos chegou a brincar com um colega de trabalho afirmando que  “alguém precisava se beneficiar daquela bagunça”.

Banco diz que vai rebater as acusações

“Não acreditamos que as alegações tenham mérito e pretendemos nos defender de forma veemente”, disse o banco em comunicado proferido de sua sede em Nova York. “Os papéis em questão foram comercializados e vendidos a investidores institucionais sofisticados e seu desempenho é condizente com o do segmento como um todo.”