FUNDO DE PENSÃO CHINÊS É UMA BOMBA PRESTES A EXPLODIR, AFIRMA PESQUISADOR


A bolha no setor de habitação e o nível de dívida do governo são alguns dos motivos que fazem com que os economistas chineses tenham dificuldades para dormir à noite. Agora, a perspectiva de terem que lidar com um sistema previdenciário não fundeado é mais um item a ser adicionado a essa lista.

Por muitos anos, os críticos vêm culpando o governo por maus investimentos do fundo de pensão nacional do país, aumentando, assim, o risco de que os atuais trabalhadores e futuros aposentados que já contribuem para o sistema acabem ficando sem receber o benefício.

Mas até que ponto o governo gerenciou mal o fundo? De acordo com um pesquisador de um think tank estatal, se o governo tivesse feito um trabalho mais esmerado, poderia ter acumulado bilhões a mais em rentabilidade nas últimas duas décadas.

 “A ampla maioria dos fundos está parada em bancos na forma de depósitos”, afirmou Zheng Bingwen, pesquisador da Academia Chinesa de Ciências Sociais, em estudo publicado em setembro.

No total, o fundo de seguridade social da China - que congrega diferentes fundos de seguros, incluindo o seguro desemprego e de assistência à saúde - somava quase 4,5 trilhões de yuan no fim do ano passado. Quase 60% desse total pertence aos fundos de pensão nacional e local, demonstram dados oficiais.

De acordo com o Sr. Zheng, apenas 1,6% do fundo, ou 71,1 bilhões, foi alocado em títulos do governo ou investidos de alguma maneira.

Quando o governo investiu recursos do fundo de pensão o resultado foi bom. O Conselho Nacional do Fundo de Seguridade Social, agência governamental que gerencia esses investimentos, disse, em junho, que vinha obtendo retornos anuais médios de 8,13% desde que o fundo foi criado, em 2000. (O fundo investe em diferentes produtos financeiros em mercados domésticos e globais, incluindo títulos, trustes, ações e fundos de moeda).

Em contrapartida, nos últimos 20 anos, os bancos chineses vêm oferecendo uma taxa de retorno anual média de 2% pelos depósitos, afirma o pesquisador. Isso significa que o fundo de pensão poderia ter obtido retornos de quase 550 bilhões se todos os seus recursos fossem geridos pela agência, argumenta Zheng.

Enquanto isso, a pesquisa de Zheng afirma que a inflação, sozinha, a qual o pesquisador estima em 4,8%, em média, nos últimos vinte anos, já consumiu quase 100 bilhões de yuan do fundo.

O governo mantem restrições severas sobre os investimentos dos fundos de pensão, com exceção dos ativos mais conservadores. Tamanho conservadorismo é atribuído à natureza volátil do mercado acionário do país.

Devido a essas restrições e ao seu histórico pobre, o Sr. Zheng afirma que a falta de investimentos do fundo de pensão do país é uma bomba relógio para os governos das províncias. A Academia Chinesa de Ciências Sociais afirma que haverá um déficit acumulado de 802 trilhões até 2050, o equivalente a 14 vezes o PIB de 2013 do país. 



The Wall Street Jornal (China)
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