O Fundo Monetário Internacional alertou que
os fundos de pensão podem oferecer risco sistêmico ao sistema financeiro
estadunidense, abrindo espaço para que grandes planos de pensão sejam incluídos
na legislação que os considera “grandes demais para falir”.
A
organização baseada em Washington afirmou em relatório publicado no mês passado
que os fundos de pensão “podem gerar risco sistêmico caso a pressão em prol da
geração de retornos acarrete na tomada indevida de riscos”.
O
FMI teme que os fundos de pensão deficitários possam estar sendo encorajados a
buscar retornos através de investimentos mais arriscados - como a exposição
direta ao crédito ou via o empréstimo de papéis - com o intuito de elevar seus
níveis de fundeamento.
O
fundo salientou que os planos de Beneficio Definido sob pressão representam
metade de todos os programas do país; um quinto dos planos multipatrocinados
também estão deficitários.
O
alerta do FMI remete às preocupações manifestadas, no mês de maio, pela OCDE,
que já havia afirmado que o movimento dos fundos em direção a ativos mais
arriscados poderia resultar num “forte comprometimento” de seu status de
fundeamento em períodos de turbulência dos mercados.
Tradicionalmente,
os reguladores ao redor do mundo procuram evitar que os fundos de pensão sejam
incluídos nas análises sobre quais os tipos de instituições financeiras que
poderiam ser consideradas “grandes demais para falir”.
BlackRock
e Vanguard, as duas maiores gestoras de ativos do mundo, já se queixaram junto
aos reguladores, afirmando que os planos de pensão deveriam ser incluídos em
quaisquer avaliações acerca de riscos sistêmicos envolvendo asset managers.
Em
carta enviada ao Conselho de Estabilidade Financeira, em maio, a BlackRock
declarou: “A fim de reduzir riscos, é necessário adotar uma abordagem holística
que abarque todas as atividades de investimento de detentores e gestores de
ativos”.
John
Ralfe, consultor previdenciário independente, disse que o FMI “está correto em
salientar que as operações dos planos BD podem oferecer riscos ao sistema
financeiro”.
“Muitas
empresas nos EUA e Reino Unido possuem um enorme volume de passivos
previdenciários. Quando esses planos detêm ações de outras companhias, há uma
espécie de dupla utilização do capital
que funciona bem quando os mercados sobem, mas não tão bem quando descem. Os
planos BD podem não ter um problema de liquidez que venha a ficar mais evidente,
digamos, na semana que vem, mas eu acredito haver um sério problema de
solvência que precisa ser devidamente considerado.”
Financial Times