A Federação
Previdenciária Holandesa criticou severamente uma série de medidas propostas
pelo governo para reformar a Estrutura de Avaliação Financeira (FTK), incluindo
a forma como se pretende melhorar o equilíbrio intergeracional entre os
participantes.
Em resposta aos
planos do governo, a organização observou que as novas regras propostas para
“indexação futura” - que levam em conta o fundeamento do plano, passivos
nominais, retornos esperados das ações, bem como a duração das obrigações -
acarretarão numa compensação inflacionária precoce por parte dos fundos de
pensão. Como as novas regras de indexação são menos flexíveis que as atuais, as
opções de garantia de indexação ficarão limitadas e qualquer indexação
posterior fica impossibilitada, declarou a federação.
Além disso, como
qualquer movimento financeiro negativo pode resultar no corte imediato de
direitos enquanto os movimentos positivos serão refletidos nos benefícios
somente após um longo período, as propostas podem acabar afetando o acúmulo de
direitos pelas gerações mais novas.
Segundo os cálculos
da federação, para se obter um aumento de 10 pontos percentuais no nível de
fundeamento, tanto os participantes quanto os pensionistas perderiam 6% do seu
poder de compra. A organização acrescenta que as gerações mais novas poderão nunca
ser capazes de gozar das vantagens trazidas pelas novas regras. Em sua opinião,
seria impossível instituir uma política intergeracional amplamente equilibrada
por meios legais; logo, a tarefa deveria ficar sob a responsabilidade de
empregados e empregadores, conselhos de fundos de pensão e outros órgãos
colegiados internos. Como válvula de segurança, o governo deveria se limitar a exigir
que a indexação seja possível apenas se o nível de fundeamento do fundo de pensão
exceder 110%.
A federação também
salientou que dar ao órgão supervisor (De
Nederlandsche Bank - DNB) a liberdade para estabelecer condições adicionais
para os planos de recuperação ou mecanismos de nivelamento de choques
financeiros poderá prejudicar a habilidade dos fundos de pensão em implantar
políticas próprias e, ao mesmo tempo, buscar o alcance do beneficio alvo em
longo prazo. A entidade representativa indicou ainda que os fundos de pensão
deveriam ter condições de lidar com a questão por meio de uma prova de
viabilidade de consistência financeira a ser aplicado às suas políticas de
longo prazo.
A federação
manifestou preocupação com a possibilidade das propostas de reforma do FTK
levarem ao aumento de responsabilidades por parte do DNB, permitindo, por
exemplo, que a agência imponha uma alocação de ativos diferente da que o fundo
julga mais adequada aos seus contratos previdenciários. Ela teme que, no
futuro, o DNB, e não os parceiros sociais do fundo de pensão, possa vir a
decidir sobre elementos cruciais dos contratos, tais como o período de nivelamento
de choques financeiros, políticas de investimento ou apetite de risco.
A federação afirmou
que possui fortes objeções em relação à taxa de juros a prazo (ultimate forward rate - UFR) utilizada
para descontar o passivo, conforme proposta por um comitê especializado. Em sua
opinião, a UFR proposta não é estável nem marcada a mercado, e falta uma visão
mais eloquente de seu equilíbrio em longo prazo. O ideal seria que ela
estivesse mais alinhada à UFR aplicável às companhias seguradoras do país.
Por fim, a organização
ressalta que as propostas de reforma do FTK deixam de lado assuntos importantes
como a forma com que os fundos de pensão devem lidar com planos de pensão
ressegurados e transferências de valores.
Anteriormente,
sindicatos que congregam trabalhadores mais jovens - VCP Young Professionals, CNV Jongeren e FNV Jong – indicaram estar
bastante satisfeitos com as novas propostas do governo, à medida que “os
choques financeiros seriam compartilhados e os movimentos financeiros
positivos, bem como a indexação, equilibrados.”
Mas os sindicatos
mostraram-se contrários a alguns aspectos, como a possibilidade dos fundos de
pensão manterem-se em períodos de recuperação indefinidamente, ficando
impedidos, ainda, de ajustar suas carteiras de investimento em momentos
cruciais. As organizações também disseram sentir falta de um mecanismo de
recuperação a choques de longevidade nas propostas do governo.
Já as organizações
que reúnem os mais idosos – CSO, NVOG e KNVG – deduziram que as pensões futuras
poderão cair até 48% sob o efeito combinado do novo FTK, da redução de 2,25% a
1,875% no acúmulo de direitos (definida anteriormente), bem como da ausência de
indexação durante os seis últimos anos.
Em nota conjunta,
elas preveem que serão raras as indexações nos próximos 10 a 15 anos, e que a
correção inflacionária gradual dos benefícios terá que acontecer por períodos
prolongados. Em sua opinião, as propostas do governo levarão a “poupanças
previdenciárias cada vez maiores e direitos previdenciários cada vez menos
tangíveis.”
IPE