Há “muita probabilidade” de os reguladores sul-africanos
virem a exigir que os fundos de pensão do setor privado invistam uma parcela
mínima de seus ativos em certos projetos de infraestrutura, disse o CEO da
consultoria Sanlam Employee Benefits,
Dawie de Villiers.
Num
esforço para desenvolver o país e estimular o crescimento econômico, a alocação
mínima nessas classes de ativos vem sendo discutida há vários anos, mas a
recente sugestão do ministro da Fazenda, Malusi Gigaba, de que o Tesouro
poderia se aproximar da Public Investment
Corporation (PIC) para ajudar empresas estatais em dificuldades irritou os sindicatos
e trouxe à tona preocupações em torno do investimento dos recursos dos
participantes em determinados ativos.
A PIC
gerencia ativos para o Fundo de Pensão dos Funcionários do Governo (GEPF) da
África do Sul.
Durante
uma mesa redonda, De Villiers disse ser muito fácil justificar as exigências
regulatórias em favor de investimentos em projetos de infraestrutura: a África
do Sul precisa dos investimentos, os fundos de pensão dispõem de recursos e
estão em condições de ajudar a construir a infraestrutura necessária para
impulsionar o crescimento econômico.
“É uma
discussão constante”
A classe
de ativos em si não é o problema, mas a forma como o investimento é gerido, disse
o especialista. A injeção de capital em uma empresa para fazer a dessalinização
da água na Cidade do Cabo, por exemplo, teria potencial para ser um grande
investimento; tudo depende da forma como o negócio é estruturado, quem está
recebendo os recursos e se o projeto será executado dentro do orçamento.
“Se for
um contrato nos moldes da Eskom, então teremos problemas”
Devido à
sua natureza de longo prazo, os fundos de pensão têm vocação para investir em
projetos de infraestrutura. Embora a classe de ativos seja ilíquida, cresce o
interesse de fundos de pensão de países desenvolvidos pelo segmento, com alocações
estimadas em cerca de 2% a 3%. Embora o Regulamento n. 28 da Lei de Fundos de
Pensão permita que até 15% dos ativos de um plano de aposentadoria sejam
investidos em classes alternativas, muitos fundos de pensão sul-africanos ainda
não possuem exposição à infraestrutura ou a alternativos, a exemplo do private equity.
De
Villiers disse que o portfólio da Sanlam Employee
Benefits possui várias carteiras de anuidades com um horizonte de
investimento de cerca de 30 anos, durante o qual os participantes contribuem para
o fundo de pensão.
“Procuramos
por essas oportunidades de investimento”
Ele salienta,
no entanto, que esses investimentos necessitam de transparência e que os players certos precisam dar suporte às
transações.
“Num
ambiente adequado, bons negócios podem ser fechados, beneficiando os participantes
de determinados fundos, o que é ótimo”, acrescentou.
“Mas se
você abrir essa janela - ou seja, impor limites mínimos de alocação em
infraestrutura - e isso não for feito de forma extremamente transparente, corremos
o risco de o dinheiro acabar se perdendo, e esse é, na minha opinião, o maior
problema. No entanto, isso não significa que o estabelecimento de limites não
deva acontecer.”
Devido à
natureza dos projetos de infraestrutura, muitas vezes há pessoas e consultorias
envolvidas, o que pode aumentar o risco de perda de capital, acrescentou De
Villiers.
Quando
uma empresa investe em um programa de infraestrutura, ela se atém ao processo
de due dilligence e aloca recursos no
projeto, mas os conselheiros por vezes não possuem os conhecimentos necessários
para avaliar os projetos, o que pode vir a prejudicar os participantes,
salienta o especialista.
“A
questão é como investir, não o conceito de infraestrutura em si”, conclui.
Moneyweb