O regulador
do mercado de capitais indiano recomendou que o Ministério da Fazenda crie uma
força-tarefa para atrair grandes fundos de pensão ao país.
A força-tarefa terá representantes do Ministério da Fazenda,
Comissão de Valores Mobiliários (Sebi), Banco Central (RBI) e participantes do
mercado que tenham experiência com grandes fundos de pensão. A ideia é atrair
recursos mais estáveis e de longo prazo para o mercado de capitais indiano.
A
força-tarefa irá sugerir soluções para questões fiscais, regulatórias e de
governança que impedem o fluxo de recursos previdenciários para a Índia, afirmou
uma fonte ligada ao governo que pediu para não ser identificada.
“A
força-tarefa vai examinar os limites de investimento, as políticas fiscais e a proteção
dos direitos de acionistas minoritários”, disse a fonte.
Um e-mail
enviado à Sebi na semana passada solicitando informações não foi respondido.
As mudanças
nas regulação podem ajudar a atrair entre US$50 bi e US$ 100 bi já no primeiro
ano, afirmou a fonte ouvida pela reportagem.
Os fundos
de pensão haviam investido cerca de US$ 17,7 bi em dívida e ações indianas até
dezembro último de acordo com os dados do National
Securities Depository Ltd.
Trata-se de
um volume desprezível se comparado ao total de ativos sob gestão nos grandes fundos
de pensões globais. Os ativos previdenciários privados nos 16 principais
mercados do mundo cresceram mais de 6% durante 2014, atingindo um volume
recorde de US$ 36 trilhões segundo o Global
Pension Assets Study da consultoria Towers Watson.
Embora o
governo e os reguladores tenham manifestado, no passado, o desejo de trazer mais
recursos de longo prazo para a Índia, esse pode ser considerado o primeiro
esforço concentrado para captar parte da grande piscina de ativos geridos pelos
fundos de pensão globais.
A
força-tarefa teria como função inicial a identificação de grandes fundos de
pensão nos EUA, Europa e Japão. A fim de interagir com as entidades-alvo, a
iniciativa também poderá recorrer a associações e instituições sem fins
lucrativos, como o Pacific Pension and
Insurance Institute, sediado em São Francisco, que tem como associados um
grande número de fundos globais.
A vantagem
de atrair recursos previdenciários é que eles tendem a ser mais estáveis e
dedicados a investimentos de longo prazo, envolvendo grandes volumes e
horizontes superiores a 10 anos.
Tais fundos,
dada a sua magnitude e horizonte de investimento, também são ideais para investimentos
em setores como infraestrutura via títulos e trustes.
Especialistas
dizem que a preocupação maior é com o modelo de tributação. “Os grandes fundos
buscam estabilidade e clareza no regime tributário e arcabouço regulatório, já
que têm compromissos a cumprir junto aos seus stakeholders. Muitos gozam de tratamento tributário diferenciado e
outros benefícios em seus países de origem; portanto, eles procuram condições similares
no exterior”, explica Vikas Vasal, da KPMG Índia. Ele acrescenta que os fundos
de pensão serão investidores ideais para setores como infraestrutura caso esses
obstáculos sejam removidos.
Outro
especialista acrescentou que o imposto retido na fonte, cuja alíquota mínima é
hoje de 5%, pode vir a ser um impedimento.
“Além das
preocupações usuais que cercam os investimentos em mercados emergentes voláteis
como a Índia, os fundos de pensão geralmente sujeitam-se a restrições
regulatórias e de conformidade rigorosas em seus países de origem. A Sebi desenhou
um regime favorável para que os fundos registrem-se no país como investidores
estrangeiros, mas alguns aspectos relativos à tributação sobre rendimentos
ainda precisam ser analisados para incentivar uma maior participação no mercado”,
argumenta Tejesh Chitlangi, sócio da consultoria jurídica IC Legal.
De acordo
com uma pesquisa publicada por Pensions
& Investments e Towers Watson,
os EUA continuam sendo o país com a maior percentagem dos ativos previdenciários
do mundo (38%), seguido por Japão (12%), Holanda (7%), Noruega e Canadá, com
cerca de 6% de participação cada um.
Os fundos
de pensão canadenses estão entre os mais ativos na Índia. O Canada Pension Plan Investment Board,
que gerencia US$ 203,09 bilhões, havia investido mais de US$ 2 bilhões no país
até outubro passado. Em visita recente à Índia, os gestores da entidade
disseram que os investimentos tendem a aumentar com o passar do tempo.
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