CHILE: 200 MIL DEFENDEM NOVO SISTEMA PREVIDENCIÁRIO


No último domingo, mais de 200 mil pessoas tomaram as ruas em dezenas de cidades chilenas para protestar contra o atual regime previdenciário de filiação  obrigatória para o setor privado imposto pelo falecido ditador militar Augusto Pinochet.

Lideranças sindicais organizadoras do movimento afirmaram que 150 mil pessoas de todas as idades se reuniram na capital Santiago para expressar a sua insatisfação com o regime previdenciário e os benefícios de baixo valor pagos pelas Administradoras de Fundos de Pensão (AFPs).

Sob o slogan “Chega de AFP”, os organizadores reuniram pensionistas, pais e filhos para manifestar sua oposição ao modelo existente, que condenaria os idosos à pobreza.

Em Valparaíso, a marcha foi dispersada pela policia, que utilizou canhões de água e gás lacrimogêneo. As imagens mostram pais correndo com seus filhos para escapar dos efeitos nocivos do gás.

Os cidadãos estão descontentes com o sistema previdenciário, que provê benefícios de valor médio inferior a um salário mínimo - pouco mais de £290 mensais - obrigando os aposentados a viver com uma renda ínfima que mal dá para cobrir as necessidades básicas.

Os trabalhadores são obrigados a contribuir com 10% de sua renda bruta mensal para contas individuais capitalizadas.

Apenas três empresas dominam o mercado de planos de aposentadoria, investindo os fundos de pensão na bolsa de valores e obtendo baixos retornos que refletem a recente desaceleração econômica do Chile.

O Congresso criou uma comissão bicameral para propor soluções para o problema previdenciário, mas os sindicatos acreditam que as discussões serão pouco produtivas.

“Temos certeza que nada vai acontecer. Num país onde a classe política é financiada por grandes empresas, há interesses envolvidos que fazem com que seja impossível promover mudanças que afetem os negócios”, disse o líder do sindicato Confusam, Esteban Maturana, um dos principais organizadores do protesto.

A porta-voz da confederação dos estudantes - CONFECH, Camila Rojas, afirmou que a atual configuração sequer poderia ser chamada de sistema de Previdência Social; ao invés disso, deveria ser chamada de “programa de poupança compulsória” e precisa ser eliminada.  

O líder do movimento “Chega de AFP”, Mario Villanueva, disse que os executivos das AFPs ganham “milhões em poucos dias”. “Enquanto isso, trabalhadores e pensionistas recebem pensões inferiores a 150 mil pesos (£175).

“Nós marchamos para exigir mudança, para exigir um sistema de distribuição unificado com a participação tripartite - trabalhadores, empregadores e Estado -  com o objetivo de garantir que as nossas pensões sejam como na maioria dos países do mundo.”



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