Os
fundos de pensão públicos do Japão ampliaram fortemente a alocação em ativos
estrangeiros, atingindo um patamar nunca antes registrado no trimestre
finalizado em dezembro último. Ao mesmo tempo, o volume de ativos investidos em
dívida soberana atingiu a maior baixa em mais de uma década.
Os
fundos compraram cerca de 1,3 trilhões de ienes (US$ 11,5 bi) em papeis
estrangeiros, elevando a alocação total para 59,5 trilhões. Aumentaram, também,
os investimentos em ações domésticas, informou o Banco do Japão. Os fundos
venderam um total líquido de 704,4 bilhões de ienes em títulos do governo
japonês, permanecendo sob gestão um total de 51,8 trilhões de ienes de dívida pública,
o menor patamar desde o terceiro trimestre de 2004.
As mudanças podem ser um reflexo das
negociações feitas por gestoras de ativos de menor porte do Government Pension Investment Fund -
GPIF (US$ 1,2 trilhão sob gestão), que decidiram, a partir de outubro de 2015,
alinhar suas estratégias de investimento. A compra de ações pelos gestores previdenciários
ocorreu após uma debandada de recursos - ocorrida no terceiro trimestre de 2015,
que fez reduzir o valor dos papeis, distanciando os fundos de suas metas de
alocação.
O índice de ações japonês Topix subiu
9,7% nos três meses até dezembro depois de cair 13% no trimestre anterior devido
ao choque cambial da China, que levou à desvalorização de ações no mundo todo.
Globalmente, as ações subiram 4,6% após uma queda de 9,9% três meses antes.
Nova estratégia
Os fundos de pensão dos servidores públicos,
funcionários de governos locais e professores de escolas particulares, que gerenciavam
cerca de 30 trilhões de ienes em ativos, já haviam manifestado a intenção, há
cerca de um ano, de alocar 25% das carteiras em ações estrangeiras, 25% em domésticas,
35% em títulos domésticos e 15% em dívida estrangeira até 1º de outubro.
O
GPIF, maior fundo de pensão do mundo, obteve 3,6% de retorno no último
trimestre de 2015, a maior rentabilidade do ano. Mas é provável que o fundo
volte a entrar no vermelho neste trimestre dada a retomada da venda das ações e
a desvalorização de 12% do Topix em 2016. Trata-se de um mau momento para o
primeiro ministro Shinzo Abe, que apoiou o aumento da compra de ações pelos
fundos de pensão para estimular o mercado acionário e que se prepara para
disputar as eleições que ocorrerão no verão do hemisfério norte.
Bloomberg