JUSTIÇA PODE FORÇAR PHILIP GREEN A PAGAR DEZENAS DE MILHÕES DE LIBRAS PARA SALVAR FUNDO DE PENSÃO


O bilionário está sendo investigado pelo órgão regulador, que pretende avaliar se ele protegeu adequadamente a poupança de aposentadoria dos 20 mil funcionários da rede de lojas BHS, que foi vendida, no ano passado, por £1. O fundo de pensão da empresa precisa de £571 milhões para fazer frente às suas obrigações.

Nesta semana, uma segunda comissão parlamentar confirmou ter convidado Philip Green a prestar esclarecimentos ao congresso a respeito do fiasco da BHS.

 

Qualquer ação judicial terá como objetivo obrigá-lo a divulgar os ativos em seu nome no Reino Unido. O bilionário poderá vir a ter que abrir mão de alguns desses ativos caso fique comprovado que ele foi negligente.

 

“Há vários casos em que ex-empregadores e ex-proprietários foram obrigados a contribuir para o plano de pensão após a falência da empresa”, disse um alto executivo da agência reguladora que pediu para não ser identificado.


“Caberá ao regulador decidir o que eles desejam de cada uma das partes envolvidas.”

           

“O regulador ainda irá avaliar se algo pode ser feito. Se houver embasamento, é possível que o caso vá parar na justiça.”

 

Philip Green vendeu a BHS a um consórcio gerido por um ex-piloto de corrida que já foi à falência duas vezes. Green usufruiu de £400 milhões em dividendos da rede de 164 lojas nos primeiros quatro anos. Segundo estimativas, ele também recebeu mais de £1 bilhão decorrentes de transações imobiliárias e outras operações.  

 

Agora, o plano de pensão deverá ser entregue aos cuidados do esquema garantidor Pension Protection Fund, que dá suporte aos trabalhadores cujas empresas foram à falência. Os aposentados poderão perder até 10% de sua renda.

 

O Pensions Regulator, agência criada para fiscalizar as empresas responsáveis ​​pela gestão de planos de benefícios, já deu início a uma investigação sobre a rede BHS.

 

A autoridade pretende apurar se os atuais proprietários, o consórcio Retail Acquisitions, liderado por Dominic Chappell - agiu corretamente. A conduta de Green também será objeto de escrutínio.

 

No ano passado, o consórcio recebeu £8,5 milhões de duas empresas russas que venderam uma empresa de engenharia, a Carrington Wire, por £1. O negócio custou aos pensionistas a sua poupança previdenciária. Os conselheiros do fundo de pensão da BHS também poderão ser alvos de investigação.

 

O regulador tem o poder de obrigar ex-proprietários a contribuir para o equacionamento de déficits caso os julgue responsáveis pela ausência de contribuições ao plano. Normalmente, quando o programa de aposentadoria está no vermelho, o empregador é obrigado a elaborar um plano de equacionamento que preveja contribuições adicionais até que o fundo atinja um nível razoável de solvência


A expectativa é que a recuperação ocorra em até oito anos. De acordo com um plano de recuperação criado por Green, a BHS vinha vertendo contribuições adicionais ao plano de pensão.

 

As contribuições somavam £9,5 milhões anuais para o plano de pensão regular dos lojistas e outros £500 mil para o programa voltado para os funcionários de nível sênior.

 

No entanto, o plano de equacionamento só seria incapaz de cobrir o buraco negro do fundo de pensão em 21 anos - prazo muito mais longo do que o recomendado.

 

Um porta-voz do Pensions Regulator afirmou: “De fato estamos conduzindo  uma investigação sobre o fundo de pensão da BHS a fim de determinar se seria adequado usar os nossos poderes para evitar maiores danos ao plano.”

 

Philip Green ofereceu £80 milhões ao plano de pensão da BHS na forma de moeda e empréstimos.

 

Confiscar os ativos do bilionário não seria uma tarefa fácil. Afinal, a maioria dos bens está em nome de sua mulher, Tina, ou fora do Reino Unido.

 

Green passa a maior parte do tempo em Monte Carlo e tende a se hospedar em hotéis quando visita o Reino Unido. Ele ainda é dono da principal loja da BHS, localizada no bairro de Marylebone, no centro de Londres. O edifício está estimado em 40 milhões de libras. Até o momento ele se recusa a comentar o assunto.

 

A BHS sofreu intervenção nesta semana, colocando o emprego de 11.000 pessoas em risco. A rede tem registrado enormes prejuízos.

 

Richard Fuller, deputado conservador que integra o Comitê de Negócios da Câmara, afirmou: “Temos que nos assegurar de que os contribuintes não estão sendo efetivamente usados para “socializar” as perdas ocasionadas por transações privadas.

 

“A população tem o direito de saber se as regras em vigor são suficientes tanto em tese quanto na prática, e que os órgãos responsáveis ​​pela supervisão gozam dos poderes necessários.” Fuller já envolveu na investigação o Financial Reporting Council, órgão responsável pelo monitoramento de práticas contábeis. 



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