O governo
australiano irá emitir o seu primeiro título com vencimento de 30 anos na tentativa
de reduzir os riscos de fundeamento dos fundos de pensão em bilhões
de dólares. O anúncio ocorre em meio à redução da demanda externa por títulos
domésticos e dúvidas dos investidores acerca da sustentabilidade dos programas
de quantitative easing ao redor do
mundo.
A disponibilização de instrumentos
de financiamento de prazo mais longo foi anunciada na semana passada pelo chefe
do Australian Office of Financial Management (AOFM), Rob Nicholl,
que detalhou, durante uma palestra a economistas, o plano do departamento de aumentar
o vencimento da dívida.
A prorrogação da data de
vencimento dos títulos permitirá ao país uma economia de bilhões de dólares em
risco de fundeamento. A AOFM já havia alongado o vencimento médio de sua
carteira de dívida para sete anos, em oposição aos cinco anos que vigorava
anteriormente; no processo, cortou cerca de US$ 12 bilhões anuais em riscos de
fundeamento ao longo dos próximos cinco anos.
Os papéis com vencimento de trinta
anos começarão a ser emitidos no mês que vem, ampliando significativamente a
curva dos títulos. O movimento também elevará a Austrália aos padrões de outros
países com mercados desenvolvidos.
Apesar da demanda externa por
títulos soberanos australianos ter diminuído em anos recentes, Nicholl diz
estar confiante de que os investidores, ávidos por retornos, aproveitarão a
oportunidade.
“Estamos confiantes de que o apoio
dos investidores domésticos somado à chamada “busca global por retornos”, que
está por trás da maior demanda por vencimentos mais longos, serão suficientes para
que possamos estabelecer uma curva de rentabilidade de 30 anos na Austrália”, afirmou
Nicholl.
A economista-chefe e head de renda fixa da JPMorgan na
Austrália, Sally Auld, declarou: “A incerteza em torno da durabilidade da
demanda final sempre foi citada como a
principal razão para não estender a curva de juros.
Ao contrário do Reino Unido, por exemplo, não há qualquer
exigência legal para que as seguradoras ou fundos de pensão detenham os papeis
de longa duração”.
Auld disse ainda que uma das
vantagens da emissão dos títulos de 30 anos seria a atração de um novo grupo de
investidores estrangeiros para o mercado australiano, o que traria uma maior
diversidade para a base de investidores. No entanto, ela disse que a notícia
“chega num momento em que os mercados de renda fixa globais permanecem
vulneráveis”, já que muitos mercados de títulos têm deixado a desejar
tecnicamente e os investidores enfrentam problemas com a sustentabilidade dos
grandes programas de flexibilização quantitativa na Europa e no Japão.
The Australian