SANÇÕES À RÚSSIA PODEM IMPACTAR FUNDOS DE PENSÃO INGLESES


Sanções econômicas impostas à Rússia pela União Europeia em função da crise na Ucrânia continuam a provocar discussões e forte repercussão. Na segunda-feira, o presidente da fabricante de maquinaria JCB informou que a empresa estava perdendo negócios devido às regras comerciais impostas à Rússia pela Europa.

Agora, é a vez de Matthew Beesley, chefe de Global Equities da consultoria Henderson Global Investors, avisar que os fundos de pensão britânicos poderão vir a sofrer prejuízos caso tenham investido em grandes empresas com interesses na Rússia.

Em entrevista, Beesley afirma que os fundos de pensão do Reino Unido podem ser seriamente afetados pelas sanções. A BP, gigante da área de exploração de petróleo, por exemplo, é dona de 19,75% das ações da petrolífera russa Rosneft, que está sujeita a restrições de crédito impostas pela União Europeia.

A BP é uma das empresas que mais paga dividendos aos fundos de pensão; logo, a queda nos lucros da companhia poderia afetar milhões de pensionistas. Quase 6 centavos de cada libra investida pelos fundos no mercado acionário são em papéis da BP. “O Reino Unido tem apostado na parceria com a Rússia e o país está perto de ser um dos nossos dez maiores parceiros comerciais. Embora corresponda a apenas 2% das exportações e cerca de 2%, também, da base de importações, há diversos setores da indústria realizando transações comerciais regulares com a Rússia”, disse Matthew Beesley.

O especialista acrescenta que na varejista Marks and Spencer, cerca de 4% do lucro operacional é originado na Rússia, onde a empresa possui 41 lojas. Similarmente, a companhia WH Smith tem a pretensão de vender jornais em centenas de estações de trens localizadas no país. “A Rússia é um território fértil para a expansão de empresas varejistas inglesas tendo em vista o crescimento da sua classe média e a maior demanda por serviços. A Marks and Spencer e a WH Smith são dois exemplos bastante óbvios, mas há outras empresas de bens e serviços, como a Unilever, que também possuem exposição à Rússia e almejam se beneficiar do crescimento da renda no país.

Beesley observa ainda que o setor de serviços financeiros possui ligações bastante claras com a Rússia. “O Banco Barclays estava tentando negociar um empréstimo para um dos grandes bancos russos, o VTB, processo que foi interrompido pelas sanções impostas recentemente. O Barclays e o HSBC claramente sofrerão prejuízos.”

Na opinião do chefe de Global Equities da consultoria Henderson Global Investors, a economia britânica é forte e não dá sinais de que as sanções possam vir a ter impactos mais relevantes. “Entretanto, há a possibilidade de esse ser o primeiro estágio de um processo gradual de degradação da economia russa.” 

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