MERCADO DE TRABALHO


Sem perspectivas, metade dos jovens quer deixar Brasil.

Mercado deprimido e recorde de nem-nem frustram 50 milhões entre 15 e 29 anos.

O Brasil nunca teve ou terá tantos jovens como agora. Mas o ápice dos cerca de 50 milhões de brasileiros entre 15 e 29 anos revela uma juventude decepcionada em níveis recordes, sem perspectiva de trabalho e insatisfeita com a condução do país.

Se pudesse, quase a metade (47%) dos jovens brasileiros deixaria o país. Isso no auge do chamado bônus demográfico, quando o Brasil teria a chance de acelerar o crescimento contando com uma proporção inédita de pessoas em idade de trabalhar em relação a seus dependentes, como crianças e idosos.

Na prática, se não for alterado, o cenário do mercado de trabalho para essa juventude configurará o desperdício do maior potencial histórico em termos de crescimento e produtividade brasileiros.

Uma série de novas pesquisas quantitativas e qualitativas envolvendo milhares de brasileiros entre 15 e 29 anos revela que nunca foi tão alta a proporção dos que nem trabalham nem estudam (há 27,1% dos chamados “nem-nem”) e que 70% dos jovens têm dificuldade de encontrar trabalho.

Na comparação com a maioria dos países da América Latina, é no Brasil onde os jovens veem menos chances de progredir trabalhando.

Nesse sentido, mais da metade (51,9%) agora enxerga o Brasil como um país pobre.

Segundo dados do Gallup World Poll, a aprovação dos jovens brasileiros a respeito de como o país é governado despencou de 60,6% até meados da década passada para 12,1% mais recentemente. 

Na média mundial, a taxa tem se mantido próxima a 57% há quase dez anos.

Para Marcelo Neri, diretor da FGV Social, as pesquisas mostram que os jovens brasileiros ainda vivem um “paradoxo” —e que, no futuro, a frustração pode ser maior.

"Se, por um lado, os jovens despertaram para a grave situação que atravessa sua geração, por outro, individualmente eles seguem até bastante otimistas, com notas de avaliação acima da média mundial. 

Isso é bom e é, em particular, uma característica do jovem brasileiro. Mas preocupa muito, pois a frustração futura pode ser também muito alta", afirma Neri.



FOLHA DE SÃO PAULO
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