Mercado de trabalho vai enfrentar primeiro semestre
desafiador.
Setor
de serviços, que mais emprega no Brasil, foi o que mais encolheu em 2020;
solução parece vir mais dos instrumentos de saúde pública do que dos de
política econômica.
A queda de 4,1% do PIB (Produto Interno Bruto)
brasileiro mostra o tamanho do desafio que o mercado de
trabalho enfrentará no ano de 2021, sobretudo ao longo deste primeiro semestre.
Não será surpresa se tivermos que continuar a conviver ao longo deste ano
com altas taxas de desemprego e números
crescentes de trabalhadores subutilizados ou em situação de desalento.
O setor de serviços tem sido o mais afetado desde
o início da pandemia. Em 2020, serviços de transporte e armazenagem sofreram
queda de atividade de 9,2%, enquanto outros serviços, incluindo os de
alimentação, perderam 12,1%.
A despeito da tímida retomada após a reabertura de
bares, restaurantes e hotéis na segunda metade do ano passado, as restrições
iniciais à circulação afetaram dramaticamente a oferta e a demanda por
serviços, sobretudo nos grandes centros.
A recuperação no segundo semestre de
2020 foi insuficiente para recompor essas perdas iniciais.
O aumento da restrição à circulação,
justificável do ponto de vista da saúde pública e da limitação do sistema
hospitalar, dados o ritmo lento da vacinação em escala nacional e o
espalhamento de variantes do vírus mais transmissíveis e mais mórbidas,
reduzirá demanda e oferta de bens e serviços, fechando postos de trabalho.
Não deveremos ter boas notícias vindas do mercado
de trabalho brasileiro em 2021, sobretudo em seu primeiro semestre.
Continuaremos a conviver com altas taxas de desemprego e de subutilização do
trabalho.
A solução, desta vez, parece vir mais dos instrumentos de saúde pública
do que dos de política econômica. Torçamos (e exijamos) para que consigamos nos
vacinar rápido e voltar, com segurança, às atividades econômicas usuais
FOLHA DE SÃO PAULO