PALAVRA DE EMPRESÁRIO


Jorge Paulo Lemann diz a Temer que tem 'saudades do seu governo'.

Em live, bilionário brasileiro que vive na Suíça afirmou que 'as coisas realmente funcionavam naquela época'.

Homem mais rico do Brasil, segundo a revista Forbes, o empresário Jorge Paulo Lemann, do 3G Capital, declarou que sente saudades do governo do ex-presidente Michael Temer.

O comentário foi feito durante uma live do grupo Parlatório, organizada pelo empresário do setor da construção civil Cláudio Carvalho. Lemann participou virtualmente de sua casa na Suíça, onde mora. 

O zoom tem sido maravilhoso. Antigamente eu viajava 700 horas por ano, um mês dentro do avião. Agora, estou há um ano sem viajar. A pandemia trouxe muitos problemas, mas trouxe alguns benefícios”, disse o empresário.

Durante 1h40, no domingo (7), Lemann respondeu perguntas feitas por 11 participantes do encontro, como o presidente do conselho de administração do banco Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, o empresário Jorge Gerdau, o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro, os também ex-ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Luiz Fernando Furlan (Indústria e Comércio) e o ex-presidente Michel Temer.

Na conversa, Temer elogiou atuação do empresário e Lemann retribuiu ao ex-presidente. 

“Saudades do seu governo. As coisas realmente funcionavam naquela época.”

Ele disse também que acha o Brasil cheio de oportunidades, mas não está numa boa fase. “Tudo o que você olha dá para melhorar, fazer melhor. E tem muita liquidez no mundo. 

As economias estão andando mal, mas a bolsa não para de subir. O pessoal não sabe onde investir, mas o Brasil não tem performado bem.”

Segundo Lemann, é possível mudar a visão dos investidores estrangeiros. “É só consertar um pouquinho, ser mais ortodoxo, tratar bem os estrangeiros que tem muito, muito dinheiro.”

No entanto, ele afirmou que acha difícil que o país tenha tempo para aprovar as reformas necessárias até as eleições de 2022. “Temos um Congresso que não se sabe direito para que lado vai. Acho difícil fazer as coisas que precisam ser feitas.”

O bilionário brasileiro, que tem 80 anos, também contou que foi vacinado na semana passada na Suíça.

Em sua fala inicial, Lemann fez uma mea culpa pela desvalorização da AB-Inbev que, segundo ele, teve o seu valor de mercado reduzido de R$ 200 bilhões para R$ 140 bilhões em seis anos.

“Tivemos dificuldade porque o nosso ótimo pessoal tinha sido treinado por nós e não eram pessoas acostumadas a acompanhar o que o consumidor quer. 

Demos para trás nos últimos seis anos porque ficamos confortáveis na posição que estávamos [de líderes do mercado]. 

Não tínhamos pessoas certas e não demos atenção ao mundo novo onde o consumidor tem mais opção de escolha.”

Lemann também falou sobre meio ambiente e um projeto que tem sido tocado pela sua mulher, Susanna. “Minha mulher está em um projeto no Pantanal. 

Várias pessoas se juntaram e compraram uma área muito grande, várias fazendas e vão financiar com ecoturismo e protegendo.”

Segundo ele, várias pessoas procuraram o projeto para comprar créditos de carbono em troca de apoio financeiro. “Alguma coisa pode acontecer por aí e não estamos entregando a Amazônia ou nossas florestas para os estrangeiros. 

São fazendeiros e pessoas locais financiando o projeto ecológico com dinheiro que vem de fora com créditos de carbono.”



FOLHA DE SÃO PAULO
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