Alerta para dívida pública do Brasil e diz que riscos para o país são
excepcionalmente altos.
Relatório aponta que confiança pode
ser minada sem evidências de que o teto de gastos será preservado.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) melhorou
nesta segunda-feira suas perspectivas econômicas de 2020 para o Brasil, mas
alertou que os riscos permanecem "excepcionalmente altos e
multifacetados" e que a dívida do governo está a caminho de encerrar o ano
em torno de 100% do Produto Interno Bruto (PIB).
O FMI agora espera
que a maior economia da América Latina encolha 5,8% neste
ano, muito menos que a contração de 9,1% que havia estimado anteriormente, e
prevê uma recuperação "parcial" e um crescimento de 2,8% no próximo
ano.
Em um documento que
descreve as conclusões preliminares de uma recente visita de uma equipe ao
Brasil, o FMI disse que os riscos negativos "significativos" incluem
uma segunda onda da pandemia, "cicatrizes de longo prazo" de uma
longa recessão e choques na confiança devido à enorme dívida pública do país.
Embora o FMI receba com satisfação o
compromisso do governo de reduzir a dívida do Brasil, o Fundo alertou que pode
levar tempo para que emprego, renda e pobreza voltem aos níveis anteriores à
pandemia.
Os pagamentos de
ajuda emergencial a milhões das famílias mais pobres do Brasil devem expirar no
final deste ano, gerando ruídos políticos, incerteza fiscal e volatilidade no
mercado financeiro nas últimas semanas conforme o governo tenta desenhar um programa
que substitua o auxílio.
O FMI observou que
a curva de juros do Brasil está "muito inclinada", destacando esses
temores fiscais de longo prazo, e disse que uma série de reformas estruturais
para uma "consolidação de médio prazo será essencial" para mitigar os
riscos da dívida.
O relatório alertou
que, sem evidências "inequívocas" de que a regra do teto de gastos do
governo será preservada, as despesas extras podem minar a confiança do mercado
e elevar as taxas de juros.
FOLHA DE SÃO PAULO