INFLAÇÃO


Presidente do BC reforça que taxa Selic deve ficar acima dos 8,5% previstos pelo mercado.

Campos Neto diz que termo 'significativamente contracionista' usado na ata do Copom se refere ao nível final dos juros.

Durante apresentação do relatório de inflação nesta quinta-feira (30), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que o termo "significativamente contracionista" adotado na ata do Copom (Comitê de Política Monetária) se referia ao nível final da taxa básica de juros.

O termo havia gerado dúvidas no mercado sobre se estaria relacionado ao nível final da Selic ou ao ritmo de elevação. 

A afirmação de Campos Neto reforça a avaliação de que a taxa básica será elevada a patamar superior ao previsto pelo mercado no último boletim Focus (com projeções do mercado), de 8,5% ao ano em 2022, mas que o aumento será feito no ritmo atual, em 1 ponto percentual a cada reunião.

O levantamento do BC junto a economistas foi divulgado na última segunda-feira (27), antes da publicação da ata, na terça (28).

"O termo 'significativamente' usado na ata se refere ao nível da Selic final. 

Quando mencionamos que a política monetária já estava em território contracionista, nos referíamos ao seguinte exercício: no dia do Copom olhamos a Selic Focus [expectativa de mercado] de um ano contra o IPCA [inflação oficial] de um ano e comparamos com a taxa neutra de 3%", afirmou Campos Neto.

De acordo com a ata, o Copom avaliou os custos e os benefícios de acelerar o ritmo de aperto monetário, mas concluiu que o nível atual é "efetivamente contracionista" e adequado para levar a inflação para a meta em 2022 e 2023.

Além disso, a autoridade monetária sugeriu, ao dizer que o ajuste monetário seria "significativamente contracionista", que, apesar de manter o mesmo ritmo, o ciclo de alta pode ser mais longo e terminar em patamares mais elevados para levar a inflação à meta.

"Em segundo lugar, simulações com trajetórias de elevação de juros que mantêm o ritmo atual de ajuste, mas consideram diferentes taxas terminais, sugerem que o atual ritmo de ajuste é suficiente para atingir patamar significativamente contracionista e garantir a convergência da inflação para a meta em 2022, mesmo considerando a assimetria no balanço de riscos", afirmou a ata.

Na semana passada, o BC elevou a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, para 6,25% ao ano e indicou que fará nova alta de mesma magnitude na próxima reunião, em outubro. 

Acelerar o ritmo seria subir a Selic acima desse patamar para fazer frente à escalada de preços e das expectativas de inflação nos últimos meses.

Diante de surpresas inflacionárias, em que os preços sobem acima do esperado, o mercado tem elevado a pressão para que o BC intensifique o ritmo de alta dos juros.



FOLHA DE SÃO PAULO
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