Em 1987, o U.S.
Army War College, escola militar americana da Pensilvânia, usou pela primeira
vez o acrônimo V.U.C.A. para descrever a confusa geopolítica pós-Guerra Fria.
Segundo eles, o
mundo havia se tornado um lugar "volátil", "incerto",
"complexo" e "ambíguo", razão pela qual o termo V.U.C.A. de
vez em quando vira V.I.C.A., sua versão bem menos sexy em português.
No início do
século 21, a expressão deixou a área militar e migrou para o mundo das
corporações. A chamada "revolução digital" produziu um ambiente
novo onde as certezas não mais existem e as empresas precisam se transformar radicalmente ou
correm o risco de desaparecer. E esse é só o começo do problema.
Quando o avanço tecnológico torna um segmento do
mercado obsoleto, milhares de postos de trabalho são fechados e, por isso, o
capitalismo enfrenta hoje um terrível dilema: como o sistema pode sobreviver se
ele elimina empregos mais rapidamente do que consegue criar? Para onde essa
muvuca de V.U.C.A. vai levar o mundo? Não existe resposta fácil, mas há certas
pistas e também algumas apostas.
Para Antônio
Brasiliano, presidente da Interisk, que atua há mais de 30 anos em gestão de
riscos corporativos, nada disso é exatamente novidade, o ritmo da mudança é que
se acelerou.
"O mundo sempre foi volátil, incerto, complexo e ambíguo. É que
agora os ciclos são menores", diz ele. "A Kodak, por exemplo,
inventou a câmera digital em 1975, mas continuou insistindo na venda de filmes
por mais 30 anos. Isso não vai acontecer mais. Um erro de avaliação como esse
vai cobrar seu preço muito mais rapidamente."
O seu
trabalho vai mudar. E vai mudar muito.
"Não vai ter
mais CLT, todo mundo vai trabalhar em casa e ser PJ [pessoa jurídica]. As
empresas vão criar células para projetos específicos e os contratos serão
temporários", prevê Antônio Brasiliano. Ele acrescenta: "E isso não é
o futuro, é o presente. O futuro já chegou".
FOLHA DE SÃO PAULO