MERCADO DE TRABALHO 1


Brasil não está preparado para destruição de trabalhos pela Covid.

Relações trabalhistas mais frágeis não vão resolver estragos da pandemia, dizem especialistas.

O impacto da Covid-19 foi sentido sobretudo pelos trabalhadores informais e de baixa remuneração. Já o pós-pandemia deve acelerar o processo de digitalização do trabalho e a destruição de funções repetitivas e de baixa qualificação —e o Brasil não está preparado para nenhuma das mudanças que estão por vir, segundo especialistas.

Diversos relatórios internacionais apontavam crescimento expressivo das áreas ligadas à tecnologia da informação e algumas dessas mudanças já acontecem no Brasil, ainda que de forma mais lenta, dada a falta qualificação para as áreas mais demandadas, diz Janaína Feijó, pesquisadora da área de Economia Aplicada do FGV/Ibre (Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas).

"O Brasil continua tendo um mercado de trabalho fragilizado, e a retomada após o baque causado pela pandemia tem se dado pela volta do trabalho informal e a manutenção do desemprego elevado. Embora a desocupação deva cair aos poucos, o quadro ainda é muito preocupante", diz.

Segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, a desocupação do trimestre encerrado em novembro era de 11,6%.

A taxa teve uma leve queda, mas os dados também mostram que a renda real dos trabalhadores voltou a cair na média, para R$ 2.444.

"A tecnologia traz novas oportunidades de ocupações e a tendência é crescer a demanda por trabalhadores na chamada economia verde, na engenharia e na computação em nuvem. 

O país precisa, no entanto, estar pronto para aproveitar isso", diz Feijó.

Para reverter a perda de postos de trabalho, seria preciso um investimento por parte das empresas em atualizar quem já está empregado, um esforço do sistema de ensino para treinar as novas gerações e políticas públicas para requalificar os atuais desempregados, resume o professor do Insper Sergio Firpo.

Um estudo da IBM publicado no fim de 2020, o primeiro ano da pandemia, apontava que 51% dos executivos brasileiros tinham na digitalização de suas empresas sua prioridade de investimentos nos próximos dois anos.



FOLHA DE SÃO PAULO
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