O uso de aplicativos e novas tecnologias pode
ajudar a melhorar a avaliação de risco dos clientes e baratear custos no
mercado de seguros. A tendência tem sido cada vez mais seguida por empresas do
ramo com o objetivo de atrair novos clientes.
No segmento de veículos, o caminho já é explorado
de forma mais concreta, com o uso de aplicativos que conseguem identificar se o
motorista dirige bem, se trafega por regiões com índices mais elevados de roubo
e se respeita os limites de velocidade.
A SulAmérica lançou, em dezembro, um aplicativo com
essa dinâmica, embora o objetivo inicial seja mais acompanhar o comportamento
do cliente do que mudar a precificação do seguro, afirma Eduardo Dal Ri,
vice-presidente da seguradora.
O usuário precisa dar autorização para a seguradora
coletar os dados. "Estamos investindo em telemetria, em novas ferramentas,
tentando medir o comportamento do usuário em redes sociais", afirma.
"Eu não preciso perguntar onde você mora, por onde dirige, onde passa a
maioria das noites. Ajuda a precificar melhor. É uma justiça tarifária e
diminui fraudes", diz.
Já a Transunion, empresa de soluções de informação,
enxerga no uso de dados públicos sobre os clientes uma forma de melhorar a
avaliação do risco do segurado. "Consequentemente os preços serão mais
justos e as seguradoras poderão conquistar mais mercado de posse de mais
informação", diz Claudio Pasqualin, diretor de produtos da empresa no
Brasil.
"A gente vê sendo usados modelos de avaliação
que ajudam a identificar o risco para a contratação do seguro de vida,
diferenciando os clientes e riscos", ressalta.
BAIXA ADESÃO
No seguro de vida, já existem empresas no exterior
que conseguem avaliar o perfil de risco com o uso de aplicativos que medem o
nível de atividade física do segurado, o percentual de glicose no sangue e até
mesmo o número de batimentos cardíacos.
"As seguradoras querem ter mais contato com os
clientes, além de uma comunicação mais amigável que permita melhorar as
interações com o segurado", diz Fabio Leme, vice-presidente da HDI
Seguros. "Quando for oferecer a renovação, que seja mais personalizada,
assim os clientes não vão ficar com ofertas tão massificadas."
A adoção dessas tecnologias no Brasil poderia
baratear o produto e retirar o país da lanterna entre os que têm seguro de
vida, conforme pesquisa da Zurich em conjunto com a Universidade de Oxford.
O estudo mostra que, entre 11 países, o Brasil está
em último quando considerado percentual da população que possui o produto
(19%).
Por outro lado, os brasileiros estão entre os que
mais querem adquirir a proteção.
"Aqui, há um forte pensamento de que o Estado
tem que prover essa proteção. Acontece, quando é por um curto período de tempo,
um mês", diz Edson Franco, presidente da Zurich. "Mas, quando é por
período mais prolongado, por invalidez temporária ou mesmo permanente, o nível
de capacidade do Estado de prover essa proteção está ficando cada vez mais
limitado."
ASSINATURA ELETRÔNICA
Não é só na precificação que a tecnologia pode
auxiliar as empresas. Na Caixa Seguradora, uma forma encontrada para ampliar a
base foi adotar a assinatura eletrônica nos contratos, em produto desenvolvido
pela Docusign. Em 2015, a empresa viu 170 mil propostas de seguros deixarem de
ser concretizadas por falhas no processo.
"O documento não chegava ou chegava sem
assinatura. Quando se contrata um seguro, por força de legislação, tem que
assinar um documento para, depois, virar uma apólice de seguros. Ou seja, a
proposta ficava pelo caminho", diz Castelano Santos, gerente de seguros de
vida da Caixa Seguradora.
Outra mudança ocorreu no tempo para fechar a
apólice. Antes da assinatura eletrônica, os trâmites podiam levar oito dias.
Agora, em um dia o cliente já compra o produto
FSP