
Especialistas e autoridades se reúnem (ontem quarta
e hoje) quinta-feira, no Rio, no “2º Fórum da Saúde Suplementar – Escolhas
Necessárias” para discutir as escolhas da sociedade para garantir a
sustentabilidade do setor e debater o retrato atual do mercado e os caminhos
possíveis para o seu desenvolvimento nos próximos anos. Estão confirmadas as
presenças do diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar, José
Carlos Abrahão; vice-presidente de Finanças Globais, Edson Carlos de Marchi,
superintendente do hospital do Coração (HCor), Ary Ribeiro; presidente do
Conselho de Medicina e Saúde da ACRio, Josier Villar; desembargador do Tribunal
de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, Ney Wiedemann Neto; ministro do
Superior Tribunal de Justiça, Paulo de Tarso Vieira Sansevereino; além do
presidente da CNseg, Marcio Coriolano; e a presidente da FenaSaúde, Solange
Beatriz Palheiro Mendes, entre outros.
“Trata-se de uma grande oportunidade reunir essas
autoridades e especialistas para debater os atuais desafios do atendimento ao
sistema de saúde. A partir dessas discussões, precisamos apontar caminhos para
o desenvolvimento do mercado. O momento exige mudanças e o compromisso de todos
– governo, operadoras, prestadores e beneficiários. Precisam sair de suas zonas
de conforto em prol do futuro da Saúde Suplementar. Temos que fazer escolhas e
o consumidor precisa estar consciente disso, como agente participativo”, afirma
Solange Beatriz Palheiro Mendes, presidente da FenaSaúde.
O 2º Fórum de Saúde Suplementar trará palestras e
painéis sobre os desafios das escolhas impostas pelo cenário macroeconômico,
com crescimento do desemprego e queda na geração de renda, resultando na perda
de 1,6 milhão de beneficiários de planos de saúde e no encolhimento do poder econômico
das famílias brasileiras; as decisões necessárias diante do envelhecimento
populacional e consequente transição demográfica, da incorporação tecnológica
acrítica e sem avaliação de impacto do custo-efetividade, a escalada crescente
das despesas na saúde e, historicamente, acima das receitas e, ainda, a redução
da capacidade de pagamento da população.
O fórum ainda promove a discussão do custo dos
procedimentos médicos e a qualidade dos serviços oferecidos como fatores
fundamentais para a tomada de decisão do consumidor, tornando-o mais consciente
e participativo na gestão de sua própria saúde; a utilização de Órteses,
Próteses e Materiais Especiais (OPME) apenas com suporte em evidências médicas,
dificultando fraudes e o implante sem a real necessidade comprovada; e, por
fim, as escolhas do Poder Judiciário, que se refletem no aumento das despesas
assistenciais em razão da ausência de pareceres técnicos de profissionais de
saúde que possam embasar a tomada de decisão dos magistrados – no sentido
oposto, iniciativas como os Núcleos de Apoio Técnico (NATs), formados por
especialistas da área de saúde, são experiências positivas para diminuir o
impacto da judicialização da saúde.
Idade mínima abaixo de 65 anos não resolve déficit, diz
Solange Vieira
Uma eventual reforma previdenciária que estabeleça
idade mínima a partir de 65 anos geraria um equilíbrio atuarial “mais ou menos”
similar ao promovido pelo fator previdenciário, na opinião de Solange Vieira,
ex-chefe da secretaria de previdência complementar do governo federal. Abaixo
disso, haveria um desequilíbrio, segundo a especialista.
“Caso isso ocorra [aprovação de uma idade menor que
65 anos], no próximo ano o governo teria que discutir novamente a reforma. Acho
preocupante”, disse Solange no Fórum de Previdência, no Rio de Janeiro.
Atualmente, a economista é chefe de gabinete da presidência do Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Solange foi a criadora do fator previdenciário em
1999 e defende que sua metodologia calcula a aposentadoria igual a um regime de
capitalização. “O fator é uma reforma, que uma vez feita não precisa voltar a
ter discussões no Congresso”, defendeu. A metodologia leva em consideração o
tempo de contribuição, a idade do segurado e sua expectativa de sobrevida,
segundo dados anuais divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
Solange também disse que a regra criada em 2015
para ser alternativa ao fator previdenciário – a fórmula 85/95 – já começou
gerando déficit para a Previdência . “O governo optou por uma reforma que piora
as contas públicas”, disse.
O presidente do IBGE, Paulo Rabello de Castro,
afirmou que o custo político de aprovar medidas radicais é o mesmo de fazer uma
“reforma meia boca”. “Chegamos num limite, temos que simplificar e apresentar
soluções que realmente sejam para hoje e para o futuro”, disse o economista.
Valor Econômico