O que é o 'chronoworking', modelo de trabalho com
horário adaptado ao relógio biológico.
Já
imaginou como seria trabalhar no horário do dia em que você é mais produtivo? É
o que propõe o '"chronoworking", modelo que permite
adaptar o trabalho ao ritmo biológico de cada pessoa.
"É basicamente poder trabalhar nos horários
que são mais naturais para você", explica Karina Rehavia, fundadora e CEO
da Ollo, empresa de curadoria e contratação de talentos que adota o modelo.
↳ A proposta é fugir dos horários tradicionais de trabalho,
das 9h às 18h, por exemplo.
O "chronoworking" se diferencia de
outras tendências do mercado, como o "quiet quitting", "job hopping" ou "quiet ambition", porque é uma forma de organização do trabalho, não
uma tendência de comportamento, diz Leonardo Berto, gerente da Robert Half.
- Quais os benefícios de adotar essa mudança?
Produtividade e bem-estar. Permitir que a pessoa cumpra suas tarefas no
momento em que se sente mais apta contribui para um melhor gerenciamento
do tempo. Isso, por sua vez, está relacionado à qualidade de vida e
ao equilíbrio entre vida pessoal e
profissional.
Diversidade e acolhimento. "Você pode favorecer a inclusão de uma mãe
ou um pai que cuida dos filhos e não tem acesso a creche. Ou aquela pessoa
que quer fazer um curso pela manhã, um estudante que está na
faculdade", aponta o gerente da Robert Half.
Maior engajamento de colaboradores. "Ao dar poder de escolha, você gera um
compromisso diferente e faz com que a pessoa crie um vínculo maior com a
empresa", diz Berto.
↳ "É muito
melhor trabalhar com um time cuja análise é feita por performance, não por
horas trabalhadas. Traz um maior senso de responsabilidade",
complementa Lilian Cidreira, especialista em carreiras.
- Porém... Não funciona
para todo mundo. "Nem toda atividade é passível de aplicar o
'chronoworking'", diz a CEO da Ollo, cuja afirmação ecoa entre
especialistas.
↳ Na Ollo, por
exemplo, o time de curadoria e atendimento ao cliente precisa se encaixar
em um horário comercial.
Vamos, então, aos desafios de
adotar o "chronoworking":
Sensação de injustiça. Como dificilmente a flexibilização de horário
será possível em todas as áreas da empresa, os profissionais que não
adotarem o modelo podem sentir-se injustiçados em relação aos outros,
aponta Lilian Cidreira.
Entrosamento. "O sucesso de uma empresa está na integração
e interação dos profissionais", diz Leonardo Berto. Com horários
diferentes, podem surgir dificuldades de comunicação, de agilidade e até
riscos em termos de estresse.
Desafio de gestão. Como organizar entregas de profissionais em
horários distintos? As empresas e lideranças precisam ter um domínio ainda
maior dos colaboradores. "É preciso conhecer com muita profundidade o
nível de maturidade, os aspectos pessoais, ou de personalidade, para que
isso possa funcionar", explica Berto.
Regulação. Para qualquer alteração no modelo de
trabalho dentro do escopo da CLT, é preciso um acordo coletivo, de uma
convenção, de uma negociação com o sindicato para viabilizar isso de
acordo com as leis trabalhistas no país, relembra Berto.
FOLHA DE SÃO PAULO