Decisão da 2ª Câmara Cível
do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul determinou que as empresas
Companhia Rio Pardo e Eucalipto Brasil S/A, presididas por Mario Celso Lopes,
ex-sócio da J&F Investimentos (holding da família Batista que controla a
JBS) na produtora de celulose Eldorado Brasil, devolva área de 3.131 hectares
de três imóveis rurais localizados em Ribas do Rio Pardo. O empresário foi
preso no dia 8 deste mês pela Polícia Federal, no contexto da Operação
Greenfield. Ele é acusado praticar crimes como gestão fraudulenta de fundos de
pensão.
O acordo de compra e venda
foi celebrado no dia 10 de dezembro de 2013. O valor da negociação foi de R$
128 milhões, sendo que R$ 52 milhões não foram pagos. Apesar da inadimplência,
todas as áreas já estavam sendo utilizadas pela empresa de Mario Celso Lopes.
O empresário iniciou nas
propriedades o plantio de eucalipto. Os vendedores do imóvel requereram a
indisponibilidade do maciço florestal. O pedido foi atendido em primeira
instância, mas foi indeferido pelo colegiado.
O advogado Leonardo
Avelino Duarte, que defende os vendedores dos imóveis, afirmou que o processo
de devolução das terras já está sendo efetuado.
Na decisão, o relator,
desembargador Vilson Bertelli, aponta que o envolvimento da empresa na
investigação exigem maior cautela do Poder Judiciário e aumenta
consideravelmente o perigo da demora na decisão como uma possível indisponibilidade
das fazendas citadas em outros processos envolvendo Mario Celso Lopes.
OPERAÇÃO GREENFIELD
Ação da PF investiga
indícios da existência de um esquema de cooptação de testemunhas para que não
contribuíssem com a apuração de supostas irregularidades envolvendo fundos de
pensão.
Segundo o Ministério
Público Federal (MPF) no Distrito Federal, Lopes, seu filho Mário Celso Lincoln
Lopes e outros investigados fraudaram fundos de pensão como o Petros e o
Funcef, que, juntos, investiram cerca de R$ 550 milhões no Fundo de
Investimentos em Participação (FIP) Florestal, antiga Florestal S/A, empresa
criada por Lopes.
O MPF estima que,
corrigido, o prejuízo causado aos fundos de pensão chegue a R$ 1,7 bilhão. Para
garantir o ressarcimento do prejuízo aos fundos, o MPF pediu o bloqueio dos
bens de Lopes, de seu filho, da Eucalipto Brasil e de outras empresas ligadas
aos investigados.
Para justificar o pedido de prisão, o MPF relatou à Justiça que os
investigadores encontraram indícios de que um contrato de R$ 190 milhões foi
assinado para mascarar o suborno pago a um empresário concorrente, para que ele
não denunciasse o esquema e, assim, dificultasse as investigações, iniciadas em
2014.
Correio do Estado