Seminário
“Ética e Boas Práticas de Governança no Fortalecimento da Confiança” reforça o
compromisso do Sistema em seguir fazendo eticamente o melhor e sempre no
interesse geral. “Isso reforça a importância de estimularmos o debate sobre
condutas éticas e a governança junto à sociedade, realizando eventos como este,
no intuito de fomentar melhores práticas tanto na esfera privada como pública”,
notou Carlos Alberto Pereira, diretor executivo do SINDAPP
A
responsabilidade de dirigentes e conselheiros e os padrões de relacionamento
entre os setores público e privado foram temas do segundo e último dia do
seminário “Ética e Boas Práticas de Governança no Fortalecimento da Confiança”,
encerrado ontem, no Rio de Janeiro. O evento foi realizado pelo SINDAPP em
parceria com a Secretaria de Políticas da Previdência Complementar (SPPC),
contando ainda com o apoio da Abrapp.
Carlos
Alberto Pereira, diretor executivo do SINDAPP, abriu os trabalhos mencionando
que há 1 ano a iniciativa “10 Medidas contra a Corrupção” foi apresentada neste
seminário, em São Paulo, pelo procurador-chefe da Procuradoria da República,
Thiago Nobre. Na ocasião, o Sindicato manifestou o apoio à medida e, juntamente
com a ABRAPP, incentivou o engajamento das associadas em prol da causa.
Contudo,
o diretor lamentou que o texto aprovado pela Câmara dos Deputados, na madrugada
de ontem, tenha desfigurado aspectos relevantes do projeto original. “Isso
reforça a importância de estimularmos o debate sobre condutas éticas e a
governança junto à sociedade, realizando eventos como este, no intuito de
fomentar melhores práticas tanto na esfera privada como pública”.
Responsabilidade
e confiança - “Ambiente de confiança e responsabilidade de dirigentes e
conselheiros” foi o tema do primeiro painel do dia, que teve como palestrantes
Aparecida Pagliarini, advogada sócia do escritório Pagliarini Morales, Fábio de
Souza, juiz federal do Rio de Janeiro, e Paulo César dos Santos, diretor
da Secretaria de Políticas de Previdência Complementar. Fábio Resende da
Silva, coordenador da Comissão de Ética do SINDAPP foi o moderador.
Fábio
Resende ressaltou a importância de as entidades aderirem ao Código de
Princípios Éticos e Condutas para o Regime Fechado de Previdência Complementar,
que foi revisado pela Comissão de Ética do SINDAPP neste ano. “Decidimos
pela adesão voluntária porque isso reforça o compromisso da gestão das
entidades com o cumprimento do Código, com a iniciativa de levá-lo para debate
em seus colegiados internos”.
A
qualificação de conselheiros é absolutamente necessária para a credibilidade e
o bom funcionamento do regime fechado de previdência complementar, ressaltou
Aparecida Pagliarini, chamando a atenção para o fato de que existem
profissionais no Sistema muito comprometidos com o que fazem, mas nem todos
estão preparados para desempenhar a função adequadamente.
Aparecida
destacou cinco pontos importantes em uma reflexão sobre o papel dos
conselheiros como agentes da governança nas EFPC: ser sempre um formulador de
políticas e diretrizes (daí a importância da qualificação); não só formular
como também praticar efetivamente essas diretrizes, sendo espelho para os
demais profissionais da entidade; monitorar o cumprimento das diretrizes;
reunir qualidades também comportamentais, exercendo o monitoramento sem
intervir nas funções da diretoria; e atuar de fato como colegiado, sob um
regimento interno.
Ao final,
ela fez uma proposição: é imprescindível que a entidade estabeleça critérios e
processo de avaliação para o Conselho (desempenho coletivo) e conselheiro
(individual). “Entendo que isso é absolutamente necessário para a boa
governança ”, afirmou Aparecida.
Fábio de
Souza ressaltou a tríplice responsabilização dos gestores e conselheiros por
atos irregulares ou omissões: civil, administrativa e penal. Sob o aspecto
penal, cuja responsabilização se dá via judiciário, Souza destacou que os casos
que envolvem má gestão de recursos públicos por EFPCs podem ser enquadrados em
crimes pela Lei 7.492/1986 : gestão fraudulenta (ludibriar investidores,
induzir pessoas ao erro); e gestão temerária (provocar de maneira temerária
risco desproporcional ao retorno nos investimentos dos recursos).
O juiz
federal destacou que o ordenamento jurídico avançou para proteger e ampliar o
ambiente de segurança e confiança no sistema. “O que está por trás da
responsabilização do diretor e do conselheiro é maior que a conduta do
indivíduo. Ao quebrar seu dever fiduciário ele coloca em risco todo o Sistema.
Se não responsabilizamos aqueles que gerem mal esses recursos - colocamos em
risco todo Sistema. Quebra-se essa relação de confiança”, disse.
Paulo
Cesar dos Santos chamou a atenção para as estatísticas dos últimos quatro anos
da Câmara de Recursos da Previdência Complementar. Estas mostram que todos têm
que acompanhar a política de gestão de risco, o dever de diligência é esperado
de todos os dirigentes, sem exceção.
Santos
também comentou que estão em processo de revisão vários pontos do Decreto
4942/2004 – norma que define punição para irregularidades na gestão da
entidade.
Projetos - As
propostas em discussão no Congresso Nacional (PLP 268 e PLP 312) estiveram em
foco no painel “Padrões de relacionamento entre os setores públicos e
privados”. Participaram: Luiz Fernando Brum, advogado e consultor da Abrapp
no Legislativo, Leonardo Ribeiro, assessor parlamentar do Senado
(gabinete do senador José Anibal), e João Carneiro, presidente do Instituto
Helio Beltrão e sócio da Piquet Carneiro, Magaldi & Guedesa Advogados. O
painel foi moderado pela presidente do SINDAPP, Nelia Pozzi.
Com relação
à atuação do Legislativo na formulação de leis que afetam diretamente as
rotinas dos fundos de pensão, Nélia Pozzi ressaltou o clamor das entidades para
que sejam ouvidas e possam colaborar com este processo, apontando o que pode
representar efetivamente avanço ou retrocesso para o Sistema. Nesse sentido,
destacou o intenso trabalho institucional da ABRAPP na CPI dos Fundos de
Pensão, contribuindo para esclarecer os parlamentares sobre a realidade do
Sistema.
Luiz
Fernando Brum mencionou os principais pontos do PLP 274, apresentados a partir
da CPI e que propõe avanços para a governança das entidades e foi resultado
também do trabalho institucional realizado pela Abrapp. Brum apresentou também
os principais aspectos do PLP 268 – já aprovado pelo Senado – e que conta com
pontos polêmicos.
Em
seguida, o advogado e consultor no Legislativo apresentou ainda os
substitutivos propostos ao projeto, que tratam de outros pontos polêmicos,
relativos ao processo seletivo, mandato e requisitos para a diretoria
executiva das entidades. “Tenho confiança em que houve evolução nos padrões
éticos e na melhoria da governança das entidades”, completou Brum, ressaltando
que o processo de equacionamento dos déficits em curso terá como resultado uma
mudança positiva na postura do participante, mais vigilante no acompanhamento
dos investimentos realizados pelas entidades, e dos conselheiros em seu papel
de fiscalização.
Leonardo
Cesar Ribeiro apresentou as propostas do PLS 312, de autoria do senador José
Anibal, que altera a Lei 7492. O projeto inaugura nova tipificação de
crime: facilitação de gestão temerária ou fraudulenta, com pena prevista de 2 a
6 anos de prisão. “O PLS 312 e o PLP 268 são dois projetos de lei
que se somam para fortalecer as regras que contornam a gestão dos fundos de
pensão, especialmente ao trazer novo paradigma para a governança e regras mais
duras para a responsabilização”, completou o assessor parlamentar.
João
Geraldo Piquet compartilhou sua experiência com a criação e divulgação do código
de conduta da alta administração federal, em 2000, que contou na época com o
apoio do Presidente Fernando Henrique Cardoso e seu governo. Piquet ressaltou
que o código não é punitivo, mas busca reeducar e negociar mudança de atitude
dos envolvidos para a solução dos conflitos.
“Descobrimos com essa experiência que ética se ensina
e se treina também”, disse Piquet, referindo-se aos cursos e treinamento com os
funcionários públicos, orientando-os sobre como lidar com dilemas éticos por
meio de simulações de situações concretas. E finalizou com uma mensagem: “É
cuidando da sua organização, em primeiro lugar, que você consegue o efeito
multiplicador da prática da ética e da boa governança para a sociedade”.
Diário dos Fundos de Pensão