Apuração sobre dados vazados do INSS está parada há
dois anos.
PGR
recebeu denúncia após órgão confessar falha, mas ainda avalia abrir
procedimento administrativo.
Dois anos após o INSS (Instituto Nacional do Seguro
Social) reconhecer publicamente o vazamento de dados de beneficiários para
empresas interessadas em ofertar serviços financeiros, a instauração de um procedimento administrativo para apurar
o caso não avançou na PGR (Procuradoria Geral da República).
Em abril de 2019, o então presidente do INSS,
Renato Rodrigues Vieira, admitiu haver “inegável fuga de informações” e o “aproveitamento
indevido” de dados de segurados por empresas do ramo de crédito.
Após as declarações de Vieira, o Idec (Instituto de
Defesa do Consumidor) apresentou um pedido de investigação à PGR, que, em junho
daquele ano, confirmou avaliar a instauração do procedimento.
Em janeiro de 2020, a PGR informou que a denúncia
resultou na abertura de um procedimento administrativo na 3CCR (3ª Câmara de
Coordenação e Revisão - Consumidor e Ordem Econômica) do Ministério Público
Federal.
Questionada novamente pela reportagem, a
procuradoria comunicou na última quinta-feira (19) que, embora a denúncia tenha
sido recebida pela câmara, a instauração do procedimento administrativo, na
verdade, ainda não ocorreu.
“A legislação
que regula o crédito consignado do INSS é de 2003 e já responsabiliza o órgão
pela fiscalização do compartilhamento indevido de dados dos segurados, o
problema é que isso não é colocado em prática”, afirma a advogada Lillian
Salgado, presidente do comitê técnico do Instituto Defesa Coletiva.
“O vazamento
de dados de segurados do INSS é um problema estrutural e a LGPD traz uma
alternativa para a solução, principalmente porque ela prevê a aplicação de
punições mais severas aos órgãos públicos que descumprirem as regras de sigilo
das informações pessoais”, diz.
AGORA