As
políticas de investimentos dos fundos de pensão para 2020 indicam que as
fundações vão aumentar o risco de suas carteiras diante dos juros nas mínimas
históricas, que pressionam as metas atuariais.
Essa movimentação, contudo,
representa um desafio para as entidades de previdência fechada.
Elas não estão
preparadas para o ambiente competitivo e de diversificação de ativos necessária,
alerta a consultoria alemã Roland Berger.
“O setor previdenciário brasileiro
terá de se transformar, modernizando estratégias e modelos de gestão”.
Para
a Roland Berger, o “conforto” criado pelos altos juros de outrora não criou um
ambiente de modernização e evolução no setor.
Para alcançar retornos mais
atrativos no cenário de juros nas mínimas históricas, as organizações terão que
revisitar políticas de investimentos e regras de apetite a risco.
E apesar de
alguns já terem começado, ainda há muito espaço para se modernizar e crescer,
segundo Martins.
Mesmo
que algum movimento em direção ao risco venha sendo feito, as fundações
brasileiras ainda figuram entre as mais conservadores do mundo.
A proporção de
ativos de renda variável nas carteiras é inferior a 10%, ante fatia de mais de
40% em países como Holanda ou Austrália, compara a Roland Berger, em um estudo
chamado “Novos Desafios e Transformações do Mercado de Previdência”.
Algumas
das principais fundações do país - casos de Previ, Petros e Funcef - possuem
posições maiores em renda variável, mas muito concentrada.
E as alocações no
exterior dos fundos de pensão como um todo não chegam a 2%, apesar de a
legislação estabelecer um limite de até 10% das carteiras.
No
ano passado, a maioria das fundações ainda teve resultados acima das metas
atuariais.
A mediana das rentabilidades foi de 9,56% para a renda fixa e de 38%
no caso da renda variável, segundo a consultoria Aditus, que presta serviços
para 119 fundações, com patrimônio total de mais de R$ 200 bilhões.
Os
investimentos em bolsa não representam nem 10% dos portfólios, enquanto a renda
fixa chega a 85%.
“O
ano de 2020 começou com uma demanda por estudos de reavaliação dos ativos,
mudança de estruturas e seleção de gestores.
Não sei se vai chegar naquilo que
o mercado espera em termos de alocação de renda variável, mas me parece que
será dado um passo importante”, diz o sócio da Aditus, Guilherme Benites.
Os
mais recentes estudos atuariais apontaram a necessidade de venda títulos
públicos marcados a mercado assim como as políticas de investimento a partir de
2020 já preveem aumento dos limites de alocação em renda variável.
VALOR ECONÔMICO