O juiz
Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR), aceitou denúncia apresentada
pelo MPF (Ministério Público Federal) contra o ex-tesoureiro do PT João Vaccari
Neto e outras seis pessoas. A ação é decorrente das investigações da Operação
Lava Jato.
A decisão
foi tomada por Sérgio Moro na última sexta-feira (3), mas foi divulgada pela
Justiça Federal somente nesta terça-feira (7). Além de Vaccari, também se
tornaram réus o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque; os
ex-gerentes da Petrobras Pedro Barusco e Eduardo Musa; o ex-presidente da Sete
Brasil João Carlos de Medeiros Ferraz e o lobista Guilherme Esteves de Jesus.
O
ex-tesoureiro do PT já foi condenado em quatro ações decorrentes da Lava
Jato, que, juntas, resultam em uma pena de 41 anos de prisão. É o quinto
processo oriundo da operação no qual o petista se torna réu. Ele está preso no
Complexo Médico Penal de Pinhais, no Paraná, onde também se encontra o
ex-diretor da Petrobras Renato Duque e outros envolvidos no escândalo de corrupção
na estatal.
Vaccari,
Duque, Barusco, Musa e Medeiros Ferraz responderão por corrupção passiva,
enquanto os quatro últimos também são acusados de lavagem de dinheiro. Já
Guilherme Esteves de Jesus irá responder pelos crimes de corrupção ativa,
lavagem de dinheiro e pertinência à organização criminosa.
Sete Brasil
A
denúncia versa sobre o esquema de corrupção na Sete Brasil, empresa criada para
atender à demanda da Petrobras para o fornecimento de sondas para a
exploração do petróleo na camada de pré-sal e que tem como investidores os
bancos Santander, Bradesco e BTG Pactual, além de fundos de pensão como Petros,
Previ, Funcef e Valia.
“Por
intermédio da Sete Brasil, foram contratadas a construção e o fornecimento de
sete sondas, tendo por destinatária final a Petrobras, no valor total de USD
43.942.603.281,59. A construção seria feita no Estaleiro Jurong Aracruz, do
Grupo Jurong. Foram ainda celebrados contratos de EPC vinculados a cada sonda
no montante de USD 5.645.082.274,32”, diz a denúncia.
A peça do
MPF aceita pela Justiça acrescenta que “a contratação da Sete Brasil só teria
sido viabilizada mediante cancelamento, por preço excessivo, de licitação
anterior pela Petrobras, muito embora na contratação da Sete Brasil os preços
tenham se mostrados ainda maiores que os da licitação cancelada”.
Divisão da propina
A
acusação da Procuradoria dá conta de que a propina era cobrada em 0,9% sobre o
valor dos contratos. Desse valor, a divisão era feita da seguinte maneira: um
sexto para Renato de Souza Duque e para o gerente executivo de Engenharia e
Serviços da Petrobras Roberto Gonçalves; um sexto para Pedro Barusco, Eduardo
Vaz e João Carlos de Medeiros Ferraz, esses na posição de dirigentes da própria
Sete Brasil; e dois terços para o PT, sendo que a arrecadação foi feita por
João Vaccari Neto.
“Teria ainda sido acertado por fora um pagamento de
propina adicional de 0,1% destinado exclusivamente a Pedro José Barusco Filho.
A vantagem indevida acertada com o Estaleiro Jurong teria sido intermediada
pelo acusado Guilherme Esteves de Jesus, representante do Grupo Jurong. A
vantagem indevida teria sido paga mediante transferências subreptícias no
exterior, com contas secretas em nome de off-shores”, acrescenta a denúncia
aceita pelo juiz Sérgio Moro.
IG