Na última
segunda-feira (20/2), a Anapar promoveu um debate no Sindicato dos Urbanitários
do DF (STIU-DF), com representantes de diversas entidades de trabalhadores,
participantes e assistidos de fundos de pensão.
Em
discussão, a proposta apresentada pelo governo para a regulamentação das
transferências de planos de benefícios de fundos de pensão, entre entidades
fechadas de previdência complementar. Conforme temos alertado, nossa
preocupação é que o processo de transferência venha a facilitar o
direcionamento dos recursos da previdência fechada para os bancos privados,
como abordamos em nosso Boletim 602.
No nosso
entendimento, a proposta, em pauta no Conselho Nacional de Previdência
Complementar (CNPC), atropela as Leis Complementares 108 e a 109. O que dispõe
a proposta é que as transferências ocorram sem a anuência dos participantes e
assistidos, que não terão voz e voto, antes durante ou depois do processo.
Como
havíamos noticiado, na reunião da Comissão Temática de 7/2, o governo levou
três grandes bancos (Itaú, Bradesco e Citibank) para apresentarem estudos de
casos de transferências de gerenciamento de planos para suas entidades fechadas
“sem fins lucrativos”, e não foram apresentados casos de transferências
ocorridas para fundos de pensão desvinculados de bancos, ou entre estes, que
poderiam apresentar uma visão por outro ângulo.
Em nova
reunião ocorrida ontem (21/2), em contraponto, os representantes da sociedade
civil (Anapar, Abrapp, Instituídores e Patrocinadores) conseguiram levar dois
estudos de casos de transferências de gerenciamento de planos entre entidades
fechadas, sendo um deles de um fundo de previdência de um banco para um fundo
fechado, fora do sistema financeiro. O que assistimos, corroborou com todas as
preocupações que vínhamos levantando desde o início da instalação da Comissão:
foram abordadas todas as dificuldades e, inclusive, pudemos constatar a falta
de compromisso do banco com a correta manutenção dos documentos e cadastro dos
planos transferidos, gerando transtornos no processo de encaminhamento da
documentação para a entidade de destino, que se arrastaram por meses. Outra
questão levantada no debate, foi a grande dificuldade para o correto
dimensionamento dos custos de administração desse plano na entidade de origem,
pois, como o próprio banco administra todos os recursos, através de diversos
fundos, há certa dificuldade para apresentarem os verdadeiros custos. Mais um
ponto para cuidarmos nesses processos de transferência, pois taxas atrativas de
administração dos planos podem esconder custos não explícitos.
Um ganho
que obtivemos, pelo menos no âmbito da Comissão (lembrando que a votação será
no CNPC), foi a concordância pela não realização (venda) dos ativos no mercado,
no momento da transferência, evitando perdas em investimentos ainda não
maturados ou em momentos de baixa do mercado (podendo também ocorrer ganhos,
com indevida distribuição).
Continuamos
insistindo que, nas transferências, sejam garantidos não somente os direitos
financeiros dos participantes e assistidos, mas também os direitos
estatutários, como os de representação nos órgãos de governança da entidade de
origem, as formas de eleição, etc, e que também sejam custeados somente pelos
patrocinadores todo e qualquer custo envolvido no processo.
“Precisamos nos mobilizar
também para este tema. Como representante da CUT Nacional, me comprometi com
várias ações para que os sindicatos se envolvam em mais esta tarefa importante,
que significa um golpe em cima dos nossos direitos”, afirma Eduardo Guterra,
representante da Executiva Nacional da CUT.
Anapar