O INSS
registrou déficit de R$ 149,734 bilhões em 2016, um rombo 74,5% maior do que o
registrado em 2015, considerando valores nominais. A preços atualizados pelo
INPC dezembro do ano passado, o resultado foi negativo em R$ 151,9 bilhões.
“Foi o maior déficit da história”, disse o secretário da Previdência, Marcelo
Caetano. A série teve início em 1995.
O déficit
total representa 2,4% do PIB e é composto por resultados negativos tanto na
Previdência urbana quando rural. Segundo o secretário, o déficit no INSS urbano
foi de R$ 46,3 bilhões em termos nominais (R$ 46,8 bilhões atualizado pela
inflação). Já a Previdência rural registrou déficit de R$ 103,39 bilhões
nominais, ou R$ 105,0 bilhões com a correção de preços.
Em 2015,
a Previdência Social havia registrado déficit de R$ 85,818 bilhões, de acordo
com dados do Tesouro Nacional. O governo do presidente Michel Temer tem
defendido que os dados da área são alarmantes e, com um rombo crescente, é
inevitável fazer a reforma da Previdência.
O governo
encaminhou no fim do ano passado uma proposta que prevê idade mínima de 65 anos
para todos os trabalhadores e uma regra de transição para aqueles que já têm
mais de 50 anos (homens) ou 45 anos (mulheres). Para esse grupo, não será
preciso cumprir a idade mínima, mas o tempo que falta para a aposentadoria
receberá um adicional de 50%, numa espécie de pedágio para obter o benefício.
O tempo
mínimo de serviço, por sua vez, subirá de 15 anos para 25 anos. A fórmula de
cálculo do benefício também muda: partindo de uma base de 51% do salário médio
de contribuição, o trabalhador conquistará um ponto porcentual a cada ano de
contribuição à Previdência. Ou seja, para obter o benefício integral, serão
necessários 49 anos de contribuição. O valor não poderá ser menor do que um
salário mínimo e tampouco poderá superar o teto do INSS, atualizado neste ano
para R$ 5.531,31.
A
proposta de reforma da Previdência ainda coloca sob as mesmas regras os
funcionários públicos e os políticos. Os servidores, no entanto, têm regras diferenciadas
na questão da remuneração. Quem ingressou na carreira antes da criação do Fundo
de Previdência complementar dos servidores públicos, o Funpresp, permanece com
o direito a se aposentar com a remuneração integral, mesmo que acima do teto do
INSS.
A
aposentadoria dos militares, que ficaram de fora do texto da reforma
encaminhado, deve ser alterada por meio de projeto de lei a ser apresentado
ainda no primeiro semestre de 2017. Uma das mudanças deve ser a criação de um
teto para os benefícios da categoria. Embora haja resistências por parte dos
militares, a intenção do governo federal é que esse teto seja o mesmo do INSS,
como adiantou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Renúncias
As
renúncias previdenciárias somaram R$ 43,421 bilhões em 2016 e, mesmo que fossem
canceladas, seriam insuficientes para sanar o déficit do INSS, disse Marcelo
Caetano.
A conta
das renúncias inclui Simples Nacional, Microempreendedor Individual (MEI),
exportações, entidades filantrópicas e outros programas previstos. O valor não
inclui a desoneração de folha de pagamentos, pela qual o Tesouro Nacional paga
uma compensação. Mesmo sem as renúncias, o déficit ainda seria de R$ 106,313
bilhões, disse Caetano.
Só no
âmbito da Previdência urbana, as renúncias somaram R$ 36,197 bilhões. As
desonerações da folha, por sua vez, somaram R$ 17,593 bilhões, mas esse valor é
compensado pelo Tesouro. Na Previdência rural, as renúncias somaram R$ 7,224
bilhões.
A
Previdência rural concentrou dois terços do rombo do INSS no ano passado, com
déficit de R$ 103,39 bilhões, alta nominal de 13,7% em relação a 2015. “A
Previdência rural é estruturalmente deficitária e apresenta déficit crescente”,
disse Caetano.
O secretário rebateu acusações de que a Desvinculação
de Receitas da União (DRU) retira recursos da Previdência Social. Segundo
Caetano, as receitas previdenciárias não são alvo do mecanismo, embora outras
áreas da Seguridade Social – como saúde e assistência – tenham receitas
desvinculadas devido à DRU.
IstoÉ