Governo não paga perícias judiciais do INSS e
peritos trabalham de graça.
Pagamento foi
interrompido em 23 de setembro de 2021; novo projeto para liberação de verba
ainda não saiu.
Os peritos médicos
e do serviço social que atuam nos processos em que o INSS (Instituto Nacional
do Seguro Social) é parte na Justiça Federal estão sem receber o pagamento das perícias realizadas neste
ano, segundo o IBPS (Instituto Brasileiro de Perícia Social).
A categoria segue
trabalhando, mas sem perspectiva de quando os valores serão quitados.
O impasse no
pagamento das perícias médicas ocorre desde 23 de setembro, data-limite para o
governo arcar com os custos, conforme a lei 13.876, de 2019.
Segundo a legislação,
os exames feitos no Judiciário em processos de benefícios por incapacidade nos
quais o INSS é parte seriam custeados pelo Poder Executivo por até dois anos.
O
prazo venceu em setembro de 2021 e os pagamentos deixaram de ser feitos.
Segundo o IBPS, no
final de dezembro, as perícias que haviam sido agendadas até o dia 23 de
setembro de 2021 foram quitadas.
Esses exames ocorreram nos três últimos meses
do ano. Os demais exames realizados até então não foram pagos.
O impasse parecia
ter chegado ao final com a publicação da lei 14.331, no início de maio.
A nova
legislação determina que o governo federal é que irá arcar com as perícias
médicas em ações nos quais o INSS figurar como parte para concessão ou revisão
de benefícios como auxílio-doença e BPC (Benefício de Prestação Continuada), desde
que perca o processo.
Na prática, o Executivo irá custear as perícias
necessárias e, ao final do processo, se houver derrota do segurado e caso ele
seja beneficiário da Justiça gratuita, o pagamento segue por conta do
Executivo.
Caso contrário, o cidadão terá de arcar com o custo. No entanto,
para que os valores sejam liberados, é necessária a aprovação de um outro
projeto, já em trâmite no Congresso, mas que ainda não tem relator e nem data
para votação.
No PLN (projeto
de lei do Congresso Nacional) 13, de 2022, que visa regularizar a situação, a previsão é de gastos de R$ 312,7
milhões com as perícias médicas neste ano.
Pelos cálculos do IBPS, valores
acima de R$ 100 milhões deixaram de ser pagos aos profissionais em 2022.
A estimativa é que
o país tem hoje mais de 4.000 peritos que atuam no Judiciário Federal sem
receber pelo trabalho. A categoria envolve médicos e também assistentes
sociais.
Em média, médicos fazem de dez a 20 perícias por dia.
O custo é de R$
200. Já os assistentes sociais fazem uma média de duas perícias por dia, já
que, muitas vezes, é necessário deslocamento desses profissionais e os exames
tomam mais tempo.
A perícia social
ocorre nas ações que envolvem concessão ou revisão de BPC (Benefício de Prestação
Continuada), quando é necessário avaliar a condição social do segurado, além da
situação geral no caso das pessoas com deficiência que vão à Justiça em busca
do benefício.
FOLHA DE SÃO PAULO