Minha insólita
metrópole, capital de todos os absurdos!
Paulo Bonfim
Música eletrônica em fundo de
serenata, paisagem cubista com incrustações primitivas, poema concreto envolto
em trovas caboclas.
Cidade feita de cidades, bairros
proclamando independência, ruas falando dialetos, homens com urgência de viver.
Oceano feito de ilhas. Ilhas
chegando, ilhas sangrando, ilhas florindo.
Os céus cansados do concreto que
arranha. Cresce o mar das periferias.
No barco dos barracos navega um
sonho. No fundo de cada um dos cidadãos do mundo, dorme a província.
Ali a velha igreja com seu
campanário esperando a mantilha da noite.
Anúncios luminosos piscam
obsessões. O asfalto é irmandade de credos.
No centro, todos os vícios e
todas as virtudes convivem nas esquinas da São João.
Os domingos são quadrados. Cabem
dentro da tela de cinema, do aparelho de televisão, da página do jornal, do
campo de futebol.
O metrô é mergulho no
inconsciente urbano. Nele o mesmo silêncio dos elevadores. Convívio de
sonâmbulos, de antípodas da fila de ônibus e do trem de subúrbio onde há tempo
para o cansaço florir num sorriso.
Aqui o verde é esperança cobrindo
o frio de existir.
Teatros e o ballet da multidão,
museus contemplando o quadro dos que se agitam, orquestras e a sinfonia de uma
época em marcha.
Nestes tempos modernos, Carlito
operário ou estudante, comerciário ou burocrata, é técnico em sobreviver.
Planalto dos desencontros, porto
dos aflitos, rosa de eventos onde até o futuro tem pressa de chegar.
Mal-amada cidade de São Paulo, EU
TE AMO!
SUPORTE