País terá que
fazer uma reforma mais dura ou enfrentará a falência mais à frente
A reforma da
Previdência saiu de férias por tempo indeterminado. O governo jogou
a toalha, admitindo que não tem os votos para aprová-la.
E daí? Daí que teremos pelo menos mais um ano de situação fiscal se
deteriorando, o que nos garante uma reforma mais dura ou a falência mais à
frente.
Parecemos disco arranhado (os mais velhos vão entender a comparação),
mas repetimos mesmo assim: se o Brasil não reduzir substancialmente seu gasto
com aposentadorias e pensões, vamos acabar todos como o estado do Rio de Janeiro,
sem dinheiro para pagar por serviços prioritários e atrasando pagamentos e
salários.
Ainda pior: o estado do Rio de Janeiro pode ter a esperança de ser
socorrido pelo governo federal, enquanto o Brasil é grande demais para ser
socorrido pelo resto do mundo. A Venezuela com seus refugiados famintos ou a
ultraviolência de Honduras (já observada em algumas capitais do Nordeste, como
Fortaleza e Natal) não são abstrações, mas um futuro possível que só será
evitado se agirmos.
Mas nada disso importa para nossos congressistas. O objetivo principal é
a reeleição, ainda mais para os muitos que dependem do foro privilegiado para
escapar de férias compulsórias na Papuda. Evitar votar temas polêmicos reduz os
riscos.
FOLHA DE SÃO PAULO