Estudo
mostra que 73% dos brasileiros reduzem o padrão de vida na inatividade porque
não poupam para a velhice e o benefício pelo INSS é insuficiente para manter o
nível de despesas. Aderir a um fundo de pensão ajuda a evitar o problema
"Nunca
consegui poupar, porque a vida não permitia. Minha esposa é dona de casa e
ainda ajudo os filhos e netos. Devo trabalhar até dezembro e, enquanto isso,
vou guardar o que recebo do INSS" Valdir Fernandes da Silva, cobrador de
ônibus
Complementar
a aposentadoria do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é uma necessidade
de todos os trabalhadores que ganham mais de um salário-mínimo. E isso é ainda
mais imprescindível para quem tem remuneração superior ao teto de benefícios
pagos pela Previdência Social, atualmente em R$ 5.531,31. A queda de renda para
quem não poupa para a aposentadoria pode ser de até 74,5%, conforme pesquisa da
consultoria Mercer Gama.
O estudo
revela que o problema é uma realidade para milhões de brasileiros. O
crescimento das despesas na velhice e a obrigação de sustentar cônjuges, filhos
e netos levaram 31% dos aposentados a voltar a trabalhar ou a postergar o
requerimento da aposentadoria. O adiamento da inatividade ocorreu, explica o
presidente da Mercer Gama, Antônio Gazzoni, porque os trabalhadores não tinham
se planejado para ter uma renda de, no mínimo, 80% do último salário.
Para
piorar, 73% dos 11.579 entrevistados tiveram de reduzir o padrão de vida na
aposentadoria, porque o valor do benefício não foi suficiente para cobrir todas
as despesas. Segundo a pesquisa, 86% tinham dependentes financeiros. Desse
grupo, 68% eram obrigados a dividir o benefício com cônjuges; 40%, com filhos e
8%, com netos.
Para
estimar a queda de renda, o levantamento levou em conta trabalhadores com
salário de R$ 2.560 a R$ 20.317 antes de passar à inatividade. Na primeira
hipótese, o segurado do INSS receberia aposentadoria de R$ 1.767, equivalente a
69% do último contracheque. O cálculo considera a aposentadoria de homens com
60 anos de idade e 35 de contribuição, além de mulheres com 55 anos e 30 de
pagamentos regulares à Previdência. Nesses casos, não há incidência do fator
previdenciário, e sim da fórmula 85/95.
Desafios
- A garantia de 69% do valor do último salário, aponta a pesquisa, é
obtida por aqueles com rendimento de até R$ 6.658 na atividade. Os
trabalhadores com remuneração final de R$ 8.024 mantêm 58,9% desse valor com o
benefício pago pelo INSS. A queda de renda é mais profunda para os
trabalhadores com nível salarial maior. Para quem ganhava R$ 14.853, o teto do
INSS equivale a 34,1% da remuneração. Quem embolsava R$ 20.317 receberá apenas
25,5% desse valor.
Gazzoni
explica que a redução do nível de renda em relação ao último salário será ainda
maior se a reforma da Previdência for aprovada, com idade mínima de 65 anos e
necessidade de 49 anos de contribuição. Nesse casos, quem requerer o benefício
com remuneração final entre R$ 2.560 e R$ 6.658 terá apenas 63% desses valores
como aposentadoria.
“A
reforma trará ainda mais desafios para a população que precisa poupar para
arcar com o aumento de despesas na velhice. E uma alternativa para suprir essa
necessidade é aderir a um plano de benefícios”, diz.
O
cobrador de ônibus Valdir Fernandes da Silva, 62 anos, é um dos milhares de
brasileiros que se aposentaram, mas continuaram a trabalhar para sustentar a
família. Casado e pai de cinco filhos, ele é o esteio de todos, sobretudo
quando alguém passa por problemas financeiros. Ele ainda ajuda a criar três
netos. Quando requereu o benefício do INSS, conseguiu apenas 66,65% do valor do
contracheque. Da empresa, recebe R$ 3,5 mil e da Previdência, R$ 2.333. “Nunca
consegui poupar porque a vida não permitia. Minha esposa é dona de casa e ainda
ajudo os filhos e netos. Devo trabalhar até dezembro e, enquanto isso, vou
guardar o que recebo do INSS”, conta.
“Aderir ao regime de previdência complementar fechado é uma alternativa
para quem não quer sofrer com a queda de renda. Os fundos de pensão não visam
lucro e a rentabilidade líquida é revertida em favor dos participantes e
assistidos”, destaca Gazzoni, da Mercer Gama
Correio Braziliense