Dois
temas ligados à sustentabilidade dos investimentos - o Índice de Sustentabilidade
Empresarial (ISE) da BM&FBovespa e o acompanhamento das ações do Carbon
Disclosure Project (CDP) - serão propostos à diretoria da UniAbrapp como itens
obrigatórios nas apresentações dos cursos que abordem governança e
sustentabilidade a partir de 2017. “Esses dois temas são de extrema importância
para os investimentos dos fundos de pensão e o ISE, que ainda é pouco divulgado
junto ao sistema, espelha tudo o que uma Entidade Fechada de Previdência
Complementar espera para seus investimentos com uma visão de longo prazo”,
observa o diretor-presidente da UniAbrapp e representante da Abrapp nos
conselhos do ISE e do CDP, Luiz Paulo Brasizza.
Ele
informa que a proposta será encaminhada para análise na reunião da diretoria da
universidade, agendada para a próxima semana.
O
trabalho conjunto com as entidades que representam os investidores, como
Abrapp, Anbima e Apimec entre outras, é um dos cerca de 12 itens que compõem o
objetivo estratégico do ISE em relação ao investidor. A lista de itens, que
inclui ainda a questão da educação financeira dos investidores e de toda a
sociedade, foi levantada em reunião aberta de trabalho que ocorreu em novembro,
durante a apresentação da 12a carteira do ISE, explica a presidente do Conselho
Deliberativo do ISE e diretora de Imprensa, Sustentabilidade e Comunicação da
BM&FBovespa, Sonia Favaretto. Ao todo, há um conjunto de objetivos
estratégicos estabelecidos para o período de 2016 a 2020, em trabalho
desenvolvido pelo Programa de Desempenho e Transparência do GVces (Centro de
Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas).
Diagnóstico
aberto - A nova carteira do Índice, que estará em vigor entre o dia
2 de janeiro de 2017 e 5 de janeiro de 2018, traz algumas novidades
importantes, avalia Sonia.
Esta será
a primeira vez em que haverá a abertura das respostas do questionário que é
preenchido pelas companhias como pré-requisito para a sua participação no
Índice. “Isso torna o ISE o único indicador de sustentabilidade em todo o mundo
a oferecer todas as respostas das companhias, num diagnóstico completamente
aberto para o investidor”. Com esse disclosure, as respostas das 34 companhias
que integram a carteira estão disponíveis no site http://isebvmf.com.br/ ,
informa a diretora.
A
intenção é oferecer um serviço que facilite o acesso às informações das
companhias, além dos dados financeiros. Para completar, a BM&FBovespa criou
uma ferramenta que organiza de forma amigável a busca de informações adicionais
por empresas e temas dentro do ISE.
Objetivos
de desenvolvimento sustentável - Outra novidade é a inclusão dos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS) no questionário, de forma alinhada e
tempestiva à adoção dos ODS pela ONU no final de 2015. Ao todo, foram
respondidas 581 questões relacionadas a critérios de eficiência econômica,
equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa.
A partir
de uma abordagem integrada, as perguntas foram estruturadas a fim de que as
empresas possam analisar as implicações das práticas empresariais em relação
aos ODS; prever indicadores e metas em relação aos ODS e seus resultados
esperados; estimar recursos compatíveis com seus objetivos e metas e considerar
possibilidades de cooperação para atingimento destes. “Essa mudança reflete uma
busca de indução das companhias no que diz respeito às melhores práticas de
sustentabilidade”, explica Sônia.
Indicador
palatável - Os conceitos de ética e sustentabilidade, assim como um
conjunto de padrões e processos transparentes e bem estabelecidos são
características do Índice que tornam fundamental sua disseminação cada vez
maior junto ao sistema de fundos de pensão, pondera Brasizza. “Ele é
palatável às exigências de governança das entidades e o processo de publicação
das carteiras segue uma linha totalmente transparente, com discussões abertas,
ou seja, o próprio modo de informar utilizado pelo ISE é alinhado com as noções
de transparência e sustentabilidade”. Ele ressalta ainda a imparcialidade na
votação para escolha das companhias que continuarão a compor o ISE ou daquelas
que passarão a integrá-lo, todas elas passando por novas avaliações a cada ano.
A
carteira que entrará em vigor em 2017 mantém a diversificação ao abranger 15
diferentes setores da economia e cresceu em valor de mercado, que soma R$ 1,31
trilhão, o equivalente a 52,14% do total do valor das ações negociadas na
BM&FBovespa. São 34 companhias e 38 ações, números que permaneceram
estáveis em relação a 2016. “Considerando um ano desafiador, o resultado é
positivo em termos de representatividade”, diz a diretora.
Em relação à performance, o ISE tem dado uma resposta
interessante aos que não viam atratividade nos investimentos sustentáveis.
Desde a sua criação, em 2015, o Índice acumula valorização de 145,36% contra
uma variação de 94,11% do Ibovespa, além de apresentar menor volatilidade. No
mesmo período, a volatilidade do ISE foi de 25,25% em relação a 28,05% do
Ibovespa.
Diário dos Fundos de Pensão