Estudo aponta desafio do jornalismo para obter
confiança dos 'indiferentes'.
Instituto Reuters,
em relatório sobre Brasil, EUA e outros, diz que 'desinteressados' são os que
menos confiam nas notícias, não os 'hostis e partidários'.
O Instituto
Reuters, ligado à Universidade Oxford, produziu um estudo sobre a confiança nas notícias em
quatro países –Brasil, Estados Unidos, Índia e Reino Unido– com base em
pesquisas feitas em maio e junho.
O levantamento
brasileiro foi realizado pelo Datafolha, em seu primeiro trabalho para a
organização, ouvindo 2.050 entrevistados.
O destaque do
relatório é para a conclusão de que, nos quatro países, "as pessoas que
menos confiam nas notícias não são aquelas mais hostis, mas sim as indiferentes
e desinteressadas".
"Nosso estudo aponta que aqueles que continuamente não
confiam são também os menos equipados para diferenciar as marcas e os menos
interessados em fazê-lo", diz o pesquisador Benjamin Toff, que encabeçou o
trabalho.
"Conquistar esse público descompromissado é um desafio
distinto" daquele apresentado pelas "vozes mais barulhentas e
partidárias", que costumam ganhar atenção maior.
O estudo mostra,
sobre o Brasil, que "o perfil dos que geralmente não confiam nas notícias
tende a ser mais velho, mais branco, mais masculino e mais propenso a avaliar
favoravelmente Jair Bolsonaro".
E que, em relação
aos outros países, "os brasileiros são mais céticos quanto à vontade dos
jornalistas de admitir seus erros".
Mesmo os que confiam mais nas notícias
"suspeitam que os jornalistas tendem a esconder".
No Brasil, 64% dos
entrevistados responderam "confiar um pouco" e 8%
"completamente" nas informações que veem na mídia noticiosa, ou seja,
jornais, emissoras e outros.
Nos EUA, foram 51% e 15%, respectivamente.
Em relação a mídia
social, 33% dos entrevistados brasileiros disseram confiar um pouco e 9%
completamente nas informações que veem no Facebook; e 31% e 14%,
respectivamente, naquelas do WhatsApp.
REUTERS