Em defesa da reforma


Sob o título “reforma inadiável”, o jornalista Merval Pereira diz em sua coluna de hoje em O GLOBO que a reforma trabalhista aprovada na França e a da Previdência, na Argentina, provocaram protestos nas ruas, mas os dois presidentes conseguiram maioria em seus respectivos Congressos em eleições recentes e resistiram às pressões.

No caso argentino, as reações são geradas pelas mesmas forças que estão unidas aqui para combater a reforma da Previdência: oposicionismo derrotado politicamente e corporativismo. Como a questão não chegou às ruas, as ações de grupelhos ultra esquerdistas que apelam para a violência ainda são esporádicas, como aconteceu pontualmente durante a tramitação da reforma trabalhista.

O economista Fábio Giambiagi, do BNDES, um dos maiores especialistas em questões previdenciárias do País e filho de argentinos, analisou os acontecimentos da Argentina, que chamou de “caso impressionante“  e as lições para as batalhas que prevê, virão por aqui.  Para ele, “a democracia ainda precisa encontrar uma fórmula eficaz de lidar com os grupos violentos. O que houve na Argentina foi uma aliança entre corporações, o kirchinerismo e a ultra esquerda revolucionária para, num primeiro momento, barrar as reformas e, num segundo, derrubar o Macri”.

Giambiagi ressalta que o desafio não apenas exige uma forma de anular os violentos, como também de impedir que eles se manifestem no plenário. No dia da votação na Argentina, houve cenas de violência envolvendo o próprio presidente da Câmara de Deputados e insultos à Mesa Diretora”.

Fica a lição, ressalta o economista, de que a comunicação é fundamental para, no mínimo, ganhar a respeitabilidade da opinião pública, mesmo que a causa seja impopular. O governo Macri cometeu a esse respeito erros crassos. Demorou a agir nesse campo e deixou que se instalasse uma narrativa contrária em parte da opinião pública.

Também aqui o governo Temer custou a encontrar o tom certo para esclarecer a população. Agora, parece ter corrigido o rumo e está distribuindo cartilha com explicações dos principais pontos mais controvertidos, além de campanha publicitária que centrou a mensagem na ideia de que a reforma é contra privilégios das corporações de servidores públicos que tem força política para pressionar o Congresso.

A Alemanha fez 3 reformas, em 1992 (igualou a idade mínima para homens e mulheres), em 2007 (aumentou gradualmente a idade mínima) e 2014 ( aposentadoria aos 63 anos para os que contribuíram pelo menos 45 anos). A Grécia, por sua vez, tem se esforçado desde 2010 para reformar as suas regras previdenciárias, tendo feito modificações adicionais em 2012 e 2016, que contemplaram aumento da idade.

O jornalista conclui a sua coluna observando que “a reforma da Previdência é incontornável e inadiável. Se não for aprovada ainda neste governo, por falta de apoio político, o próximo terá que assumir esta tarefa”.

O Globo
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