Impactos da pandemia do coronavírus sobre a economia continuam
preocupando investidores.
A semana começa com a repercussão das
reuniões extraordinárias de bancos centrais no final de semana (especialmente
dos EUA e Japão) e os indicadores econômicos que foram divulgados na China na
noite deste domingo.
A segunda maior economia do mundo
quase parou sob o impacto da pandemia do covid-19.
Os dados de produção, vendas e
investimentos, todos referentes a fevereiro, mostraram fortes quedas, captando
a quase paralisação da atividade econômica no período, por conta do
coronavírus.
Os números divulgados reforçaram o cenário que prevê expansão
próxima de zero para o PIB no primeiro trimestre do ano.
As vendas no
varejo, por exemplo, tiveram queda de -20,5% A/A, contra expectativa de -4,5%
A/A.
No Brasil, o principal evento da
semana ocorrerá na quarta-feira, a reunião do Comitê de Política Monetária
(Copom).
Espera-se que o comitê corte a taxa Selic em pelo menos 0,25 ponto
percentual, para 4,0%, de acordo com a projeção da SulAmérica Investimentos, e
o consenso do mercado.
Segundo a nossa avaliação, o impacto deflacionário da
epidemia do coronavírus pode acentuar a fraqueza atual da economia brasileira,
o que manterá a inflação correndo bem abaixo das metas previstas, no horizonte
relevante da política monetária.
A economia necessita de estímulos, o
que justifica a redução da Selic neste momento.
No cenário internacional, o foco
estará na economia norte-americana.
Serão divulgados, nos próximos dias, indicadores
de atividade (produção industrial e vendas do comércio) referentes a fevereiro.
Os números continuarão a mostrar um
desempenho em consonância com a dinâmica moderada da economia americana.
Esses
dados trarão efeitos marginais causados pela disseminação do coronavírus, cujos
efeitos mais relevantes serão observados a partir dos dados de março.
As hipóteses que contemplam retração
do PIB americano no segundo trimestre vêm ganhando força entre os analistas de
mercado.
Foi por causa dessa possibilidade que
o Federal Reserve cortou os juros em reunião extraordinária no domingo (100 pb,
levando a taxa para zero), também colocando um novo programa de compra de
títulos (QE) de US$ 700 bi, com US$ 500 bi sendo de títulos do tesouro e US$
200 bi de MBS (mortgage backed securities, títulos do mercado
imobiliário).
O presidente do Fed, Jerome Powell,
disse em entrevista coletiva no domingo que taxas de juros negativas não
trariam benefícios para os EUA.
Assim, na próxima reunião, que deve ocorrer em
abril, já que a reunião inicialmente prevista para quarta-feira foi cancelada,
(uma vez que dificilmente haveria novas informações de domingo até
quarta-feira), há apenas a possibilidade de aumento de QE (quantiative easing,
a compra de títulos pelo Banco Central), dependendo de como se comportarem os
dados econômicos e o mercado financeiro.
FOLHA DE SÃO PAULO