BOLSA


Volatilidade na Bolsa volta a níveis de 2008 e desafia pequenos investidores

Ibovespa registra uma das maiores oscilações da história; especialistas dão dicas de como operar.

A crise do coronavírus ocasionou uma das semanas mais voláteis da história da Bolsa brasileira, com oscilações semelhantes à crise econômica de 2008-2009.

Nos extremos, o índice foi de queda de 19,6% durante o pregão de quinta-feira (12) a alta de 15,4% no de sexta (13).

"Não é normal a Bolsa cair e subir tanto. 

A média de volatilidade do Ibovespa é de 15% ao ano e essa semana foi para mais de 80%, algo que não observamos desde 2008. Em termos matemáticos, o risco é o mesmo da crise financeira", diz Guilherme Ribeiro de Macêdo, doutor em Finanças e professor da UFRGS

O movimento reflete o pânico que tomou conta do mercado financeiro global com o avanço do coronavírus e das medidas para contê-lo. Investidores temem que as políticas púbicas não sejam suficientes para evitar uma recessão.

Ao cenário negativo soma-se uma guerra de preços do petróleo, na qual a Arábia Saudita aumentou sua produção de modo a baratear a cotação.

A tempestade perfeita se refletiu na maior queda do mercado de ações brasileiro desde 1998, ano da crise russa. EUA e Europa tiveram o pior desempenho desde a Segunda-Feira Negra, em 1987.

Na última sexta (13), ápice de volatilidade na década, o movimento de aversão a risco se somou a uma recuperação do mercado. 

Na ausência de notícias negativas sobre a Covid-19, investidores foram às compras de ações que haviam despencado na semana e o Ibovespa abriu em alta de mais de 14% para, em menos de três horas de pregão, zerar os ganhos com a notícia da Fox News de que o presidente Jair Bolsonaro teria testado positivo para o coronavírus.

A informação foi logo negada e a Bolsa voltou a subir.

Em dias de forte oscilação, a dica dos especialistas é não operar. Além das corretoras e da própria B3 apresentarem falhas de processamento nas ordens de compra e venda, os preços ficam distorcidos.

Caso o investidor possa ampliar a fatia da carteira de ações, a baixa do mercado pode oferecer boas opções de compra. Mas a aquisição de papéis ou de cotas em fundos de ação ou multiplicado deve ser gradual.

"Porém, como não sabemos a extensão da crise, é algo que não pode ser resgatado no curto prazo. Se a pessoa já tem ações, não deve vendê-las de jeito nenhum no momento", afirma Myrian Lund, professora da FGV e planejadora financeira da Planejar.

Ela recomenda dividir o investimento de risco e comprar ativos em três pregões distintos. "Pode ser que a Bolsa caia mais. Enquanto a pandemia não for solucionada, o mercado vai ter muita volatilidade".

 

 

 



FOLHA DE SÃO PAULO
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