JUROS


Bancos terão perdas por terem emprestado barato antes de juro subir, diz diretor do FGC.

Daniel Lima afirma que inflação e Selic altas criam ambiente de risco para instituições bancárias.

A rápida deterioração do cenário macroeconômico pós-pandemia, com inflação e juros altos, criou um risco para os bancos no Brasil, disse o diretor-executivo do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), Daniel Lima.

"O cenário macroeconômico preocupa", disse Lima em entrevista à Reuters. "Os bancos ainda terão perdas por terem emprestado dinheiro barato antes de o juro subir", acrescentou.

Frequentemente apontados como empresas que conseguem se beneficiar de diferentes cenários da economia, grandes bancos de varejo no país foram surpreendidos com um repique da inflação em 2021 que levou o BC (Banco Central) a aumentar o juro básico da economia de 2% para 13,75% anuais em 17 meses.

Como resultado, alguns bancos tiveram um descasamento na sua principal operação, a de gerenciar o custo de captação e o valor de concessão de empréstimos. 

A recente temporada de balanços do terceiro trimestre mostrou-se especialmente cruel para o setor, com Santander Brasil e Bradesco reportando quedas significativas no lucro e analistas prevendo trimestres difíceis à frente para o segmento.

Segundo Lima, apesar disso, o sistema como um todo está muito capitalizado e historicamente tem se mostrado resiliente a diferentes perfis de crises, como a da própria pandemia.

Por outro lado, ele citou riscos emergentes, como a computação em nuvem e a proliferação dos crimes cibernéticos, o que pode convidar uma ampliação dos mecanismos de prevenção, como do próprio FGC, para eventuais urgências.



REUTERS
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