'Exceções' garantem retorno de fundos de private equity


Os fundos que compram participação em empresas têm conseguido garantir um retorno positivo no Brasil, mas experimentando uma montanha-russa em suas carteiras. Um estudo feito pelo Insper e pela gestora Spectra mapeou 865 fundos e um total de 2061 investimentos realizados no país por fundos de private equity e venture capital focados em Brasil, América Latina e globais, entre 1994 e março de 2018. Nesse período, os fundos tiveram retorno médio de 2,6 vezes o capital investido - mesmo com quase 40% dos investimentos tendo gerado perdas.

 

Nos fundos de venture capital, que compram empresas em fase inicial de operação ou mesmo pré-operacional, os investimentos que não retornam o capital investido chegam a quase 60%. Ainda assim, o retorno histórico desse segmento é de 2,3 vezes o capital aplicado. menos de dez anos, esse retorno médio não passava de 1,5 vez.

 

"Era uma indústria imatura e que agora passa a refletir resultados da safra de unicórnios brasileiros", diz Andrea Minardi, pesquisadora do Insper. "O alto percentual de perdas é mais que compensado por desempenhos excepcionais. Em alguns casos, esse múltiplo chegou a 60 vezes."

 

Entre os "outliers" ou exceções brasileiras, aqueles investimentos que dão retorno muito distante da média, ela destaca empresas como a 99, aplicativo de táxi, e a fintech Nubank - os tais unicórnios, avaliados em US$ 1 bilhão. Além do maior risco de negócios em estágio inicial, essas empresas precisam de mais rodadas de investimento. Em março deste ano, o Nubank, fez sua sexta rodada de investimentos desde 2013.

 

os fundos de private equity, que compram participações em empresas operacionais, estão em uma fase mais avançada

de amadurecimento - 72% dos gestores atua mais de seis anos, sendo que 40% levantou o primeiro fundo mais de dez anos. Esses fundos registram um retorno médio de 2,7 vezes o capital investido. Metade desses fundos entregou uma taxa interna de retorno (TIR) bruta de 20% ao ano em dólares - acima da média global, de 14%. Descontados custos, como performance, a taxa média no país fica em torno de 13,5% ao ano.


"Apesar de todos os contratempos no Brasil nos últimos anos, os fundos têm conseguido entregar bons retornos com investimentos no país", considera Andrea. A pesquisa será apresentada nesta segunda-feira no Congresso da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (Abvcap).

Por Maria Luíza Filgueiras




Valor Econômico
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