Em 5
pontos a crise política causada pelas fraudes no INSS.
Operação da
Polícia Federal revelou esquema que desviou R$ 6,3 bilhões de aposentados.
Nesta sexta, o ministro da Prev
1. O que
são as fraudes no INSS
Uma
operação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) revelou que
entidades sindicais e associações que prestam serviços a aposentados
cadastravam beneficiários do INSS sem autorização — usando assinaturas falsas —
para aplicar descontos mensais diretamente na folha de pagamento.
Segundo as
investigações, o esquema começou no governo de Jair Bolsonaro (2019–2022) e se
aprofundou no atual governo. Entre os alvos está o lobista Antonio Carlos
Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, apontado como o operador central do esquema
e sócio de 21 empresas.
A fraude
pode ter atingido 4,1 milhões de pessoas. Entre 2023 e o primeiro semestre de
2024, os descontos indevidos superaram R$ 3,2 bilhões. Em 95% dos casos, os
beneficiários afirmaram que não autorizaram os débitos.
2. Queda
de Lupi e do presidente do INSS
O escândalo
levou à demissão do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, na semana
passada. Ele foi indicado ao cargo por Carlos Lupi e foi citado nas
investigações como figura-chave da estrutura envolvida nas fraudes.
Diante da
pressão crescente, Lupi pediu demissão nesta sexta-feira (2). Em nota, afirmou
que seu nome não foi citado nas investigações, mas reconheceu a gravidade da
crise. A saída foi negociada diretamente com o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva.
Nos
bastidores, o governo avaliava que a permanência de Lupi era insustentável e
que o desgaste poderia contaminar ainda mais a
imagem do Planalto.
3. O novo
ministro já estava no centro das discussões
O escolhido
para substituir Lupi foi Wolney Queiroz, ex-deputado federal do PDT e número
dois da pasta.
Ele exercia
o cargo de secretário-executivo da Previdência Social e também participou da
reunião do Conselho Nacional da Previdência, em 2023, na qual as primeiras
denúncias foram apresentadas. Só que medidas para coibir a fraude foram tomadas
só um ano depois.
A escolha
de um nome ligado diretamente à antiga gestão pode não acalmar os ânimos como o
governo gostaria
4. A
ameaça de uma CPI no Congresso
Aliados de
Lula admitem preocupação com a possibilidade de instalação de uma Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o caso. Parlamentares da
oposição, especialmente do PL e do Novo, já articulam os primeiros movimentos.
A
fragilidade da base do governo no Congresso — que depende de apoios do Centrão
— torna qualquer CPI um fator de desgaste adicional, especialmente em um tema
sensível como o desvio de recursos de aposentados.
Ano que vem
é ano eleitoral. Uma CPI em 2025 tem o poder de afetar as ambições do governo.
5. O
desafio do ressarcimento
O governo
prometeu devolver os valores descontados indevidamente dos beneficiários. O
presidente Lula determinou que a AGU processe as associações envolvidas e
garanta o ressarcimento às vítimas. Mas até agora não foi apresentado um plano
claro de como ou quando isso será feito.
O ministro
da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo está buscando “o caminho”
para fazer os pagamentos. A CGU e a AGU ainda avaliam como estruturar a
devolução.
Enquanto
isso, a pressão por respostas aumenta — e a crise segue sem prazo para
terminar.
G1