Governo autoriza início de plano de racionamento de
energia.
Programa
que indeniza empresas que economizarem até 35 MW por dia entra em vigor.
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, definiu as regras para o
início do programa de racionamento de energia destinado
a grandes consumidores.
A medida, aguardada desde o agravamento da crise
energética, entrou em vigor nesta segunda-feira (23) com a publicação de uma
portaria no Diário Oficial da União.
No entanto, para que o plano seja implementado na
prática, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) precisa
publicar suas diretrizes. A expectativa do mercado é que isso ocorra dentro de
uma semana.
Com a demora e o agravamento da crise hídrica, grandes companhias vinham se
inscrevendo no programa de economia de energia do ex-presidente Michel Temer em
vigor pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Braskem, Gerdau, Cimentos Apodi, Rima, dentre
outras companhias intensivas no consumo de energia, já aderiram ao programa
para tentarem uma saída à energia produzida pelas térmicas, quase dez vezes
mais caras do que as hidrelétricas.
Batizado de RVD (Redução Voluntária de Demanda
de Energia Elétrica), o plano do governo de Jair Bolsonaro é a primeira medida
relacionada à demanda, desde junho, quando foi criada a Creg (Câmara de Regras
Excepcionais para Gestão Hidroenergética), que só vinha determinando produção de
energia por termelétricas e a importação.
Analistas de mercado previam que, sem medidas de
redução de consumo, o governo corre risco de ter de enfrentar apagões —com
elevado risco político para Bolsonaro, que está em campanha pelas reeleição.
Para eles, ao ficar restrito em medidas de aumento de oferta era um sinal
de negacionismo do governo no enfrentamento
da crise hídrica, a pior dos últimos 91 anos.
Estudos do ONS alertam para a possibilidade de
esgotamento da potência de energia ao fim do período seco, gerando risco
de apagões localizados nos horários de maior
demanda, quando a rede de energia demanda uma operação mais intensa das usinas
hidrelétricas.
O programa de redução voluntária do consumo é
destinado apenas a grandes consumidores que se disponham a reduzir o consumo
por períodos de quatro a sete horas por dia.
FOLHA DE SÃO PAULO