EFEITOS DA GUERRA


Consumidores russos começam a sentir maior aperto das sanções econômicas.

A ação ocidental para isolar o Kremlin modificou pouca coisa nas ruas, mas sinais de tensão estão aparecendo.

Em um país onde uma grande proporção de trabalhadores é empregada pelo Estado e com a recente aprovação de aumentos nas aposentadorias e no salário mínimo, a maioria dos russos não experimentou mudanças drásticas na vida cotidiana. 


As receitas flutuantes das exportações de petróleo e gás também deram ao Kremlin meios para oferecer incentivos ao setor privado para licenciar, em vez de demitir trabalhadores. 


O desemprego permaneceu em cerca de 4%, evitando os picos observados antes na pandemia. 


E a inflação, que atingiu uma alta de 17,8% em duas décadas em abril, começou a desacelerar.

 

"Os preços dos mantimentos subiram, sim, mas em geral não mudou muita coisa", disse Tatiana Mikhailova, economista e acadêmica que vive na capital. 

Se você não ligar o noticiário da televisão, "pode facilmente ter a impressão de que nada está acontecendo", disse ela, acrescentando que isso faz a situação parecer "absurda".

Ainda assim, uma série de indicadores oferece um termômetro das mudanças que começam a surgir.

Uma delas são as vagas de emprego oferecidas. 

Embora os números do desemprego tenham permanecido amplamente estáveis, a plataforma de recrutamento online HeadHunter descobriu que o número de empregos anunciados caiu 28% em abril, em comparação com o mês de fevereiro anterior à guerra. 

Os anúncios de empregos em marketing, relações públicas, recursos humanos, gestão de empresas e bancos caíram entre 40% e 55%.

A mudança talvez seja mais visível nos bairros comerciais e shopping centers da Rússia. 

Em Moscou, as lojas que vendem marcas estrangeiras representam cerca de 40% do espaço de varejo em grandes shoppings, de acordo com a consultoria imobiliária comercial ILM. 

Muitas dessas lojas fecharam depois que as marcas cortaram os laços com a Rússia. 

Cerca de 15% a 20% das lojas nos shoppings de Moscou estão fechadas, de acordo com a Knight Frank Russia.

Até o final do ano, até 20% de todos os escritórios de Moscou também poderão ficar desocupados, disse a ILM, principalmente devido à saída de empresas ocidentais.

Os dados sobre a arrecadação do IVA sobre bens domésticos mostram o grau de declínio do consumo e da atividade econômica. 

Segundo o Ministério das Finanças, as receitas do IVA caíram 54% em abril em comparação com o ano anterior.

"Estas são apenas as primeiras mudanças menores", disse Mikhailova. 

Economistas esperam tempos turbulentos, incluindo uma contração do PIB de até 10% e o desemprego mais que dobrando até o outono.



FINANCIAL TIMES
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