Proposta com 9 itens que garante crédito para
empresas suportarem choque do coronavírus
A crise do coronavírus atingiu o planeta como um
asteroide.
O quadro dramático que se desenha para os próximos meses tem
levantado inúmeras questões humanitárias, de saúde, de logística e distribuição
e econômicas.
Nos
últimos dias, analistas brasileiros têm feito propostas relativas a esses
temas, com especial ênfase em questões econômicas.
Há propostas de grande
mérito como o financiamento de investimentos e despesas extraordinárias com a
saúde, ou a extensão de programas de renda mínima para trabalhadores informais.
Medidas redigidas por economistas dão fôlego
para negócios atravessarem a crise:
Arminio Fraga
Sócio da Gávea Investimentos, membro
do Conselho Consultivo da StoneCo e Fundador do Instituto de Estudos para
Políticas de Saúde
Vinicius Carrasco
Economista-chefe e sócio da StoneCo e
Professor do Departamento de Economia da PUC-Rio
José Alexandre Scheinkman
Professor da Cátedra Charles and Lynn
Zhang de Economia da Universidade Columbia, membro do Conselho Consultivo e
acionista da StoneCo
Quais as características que uma linha emergencial
direta?
1.
1. Processo de concessão deve ser o
mais automático possível, para evitar lobbys e pressão de grupos de interesse,
ou favorecimento por burocratas amigo, e garantir que o recurso vá para quem
precisa de maneira rápida
2.
3.
2. O foco do programa deve ser microempresas
(receitas até R$ 360 mil por ano) e empresas de pequeno porte (receitas entre
R$ 360 mil e R$ 4,8 milhões) que tenham folha salarial. O último requisito é
para evitar que empresas que se beneficiam das distorções da pejotização
4.
5.
3. Objetivo da linha é emular a
receita (ou uma fração) que a beneficiária teria ausente o choque, de modo a
garantir que consiga honrar seus custos fixos durante a travessia. Montante
concedido deve ser, portanto, baseados em histórico de receitas ou folha de
pagamento. Como parâmetro, o programa poderia conceder empréstimos que
garantissem o pagamento de 100% da folha de pagamentos de PMEs durante certo
número de meses, com um limite mensal por trabalhador de, digamos, um salário
mínimo. Com o tamanho sugerido para o programa, seria possível fazer
empréstimos durante até quatro meses. Torcemos para que as medidas de contenção
extremas durem menos que esse período; sendo a crise mais longa, orçamento e
vigência dos empréstimos devem ser reavaliados
6.
7.
4. A concessão do crédito deve ser
condicional à manutenção dos empregos, ainda que com remuneração reduzida
8.
9.
5. O crédito não deve requerer
garantias, mas quando a empresa começar a repagar, o Estado deve ter prioridade
no recebimento. No jargão técnico, o Estado como credor emergencial deve ser
sênior em relação a outros detentores de dívida e fornecedores, isso porque
proverá o “último” dinheiro.
Aqui, cabe notar que, mesmo sendo sênior, Estado
ajudará todos outros detentores de dívida e fornecedores, ao aumentar a chance
de sobrevivência dos negócios)
6. O desembolso do empréstimo pode ser semanal (para garantir que o
empreendedor tenha liquidez para satisfazer quaisquer compromissos a que queira
da prioridade)
7. Deve ser dada carência longa para os empréstimos nas linhas
emergenciais diretas;
8.
8. Idealmente, a forma de repagamento
ao Estado deveria ser por meio de uma fração das receitas futuras que o negócio
tiver (o que corresponderá a um mecanismo simples de renegociação caso a
recuperação do negócio seja lenta). No entanto, como é provável que muitos dos
alvos do empréstimo possam, por exemplo, “receber por fora” e não repagar
empréstimo, deve-se pensar em forma de mitigar esse problema;
9.
9. O custo para o beneficiário do
empréstimo da linha direta emergencial deve ser limitado ao custo que o governo
paga para se financiar. Note que seria uma taxa subsidiada, uma vez que há
chance de haver perdas nos empréstimos feitos.
O O subsídio se justifica porque
precisamos minimizar o choque econômico e social que resultaria da falência de
milhares de PMEs por razão totalmente fora de seu controle (as políticas de
contenção que pretendem reduzir a disseminação do vírus);
FOLHA DE SÃO PAULO