Mais da metade da população corta consumo devido à
inflação, diz pesquisa.
Brasileiros têm
eliminado gastos com TV por assinatura, refeições fora de casa, eletrônicos e
combustíveis.
A escalada dos preços fez o guardador de
carros Rosenilton de Souza Borges, 38, mudar hábitos de consumo e cortar uma
série de despesas.
Ele diz que passou a deixar o automóvel na garagem para ir
ao trabalho de ônibus, cortou a internet de casa e ainda substituiu a carne vermelha por frango e ovos.
"O carro só
ligo de vez em quando para não perder a bateria", afirma. "Na alimentação, o que mais pesou foi carne e óleo.
Leite eu nem compro mais", diz ele, que trabalha na região central de
Brasília e vive em casa com a mulher e três filhos entre 12 e 17 anos.
Assim como Borges,
mais da metade da população cortou despesas nos últimos seis meses diante dos
preços em alta, de acordo com pesquisa encomendada pela CNI (Confederação
Nacional da Indústria) à FSB Pesquisa.
Pelo levantamento,
54% das pessoas consideram estar em situação financeira muito afetada pela inflação e
64% cortaram o consumo de bens ou serviços nos últimos seis meses devido ao
aumento de preços.
A elevação de preços de combustíveis também tem levado a
tanques mais secos. Quase um sexto (ou 15%) da população eliminou o consumo de
gasolina, álcool ou diesel após a disparada do preço do petróleo em meio
à guerra da Ucrânia.
Outro ponto de
preocupação é a expectativa da população de que a inflação vai permanecer alta,
o que também adiciona limitações às intenções de compras.
Quase metade (43%) da
população acha que o preço de bens e serviços vai continuar subindo muito nos próximos
meses.
Em março, a
inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em 12 meses chegou a 10,54%.
Ao
permanecer em dois dígitos, o IPCA continua distante da meta de inflação
perseguida pelo BC (Banco Central).
O centro da medida de referência neste ano
é de 3,50%. O teto é de 5%.
FOLHA DE SÃO PAULO