Levada pelas mãos dos
representantes da sociedade civil, a proposta de adoção do mecanismo de adesão
automática começou a ser discutida ontem no Conselho Nacional de
Previdência Complementar (CNPC). E as discussões avançaram, após a apresentação
que o Presidente da Abrapp, Luís Ricardo Marcondes Martins, fez do tema e da
extensa argumentação que o sustenta, sendo que ao final decidiu-se pelo
encaminhamento à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional - PGFN para uma
análise jurídica.
Encaminhada a proposta
para análise da PGFN, que a devolverá em seguida ao CNPC para que este então
delibere, o Presidente Luis Ricardo afirmou que tal encaminhamento “dará
ainda mais segurança ao processo de adoção da adesão automática”. Apenas lembrou
que muitos dos mais notáveis conhecedores do pensamento jurídico especializado
já se manifestaram favoravelmente, o mesmo acontecendo com estudiosos das
ciências comportamentais. Ao incluir o trabalhador no plano, dando-lhe
porém todas as condições para dele se retirar sem qualquer ônus se assim
desejar, o novo instrumento apenas altera o momento em que o participante
potencial decide se deseja ou não participar, sem qualquer prejuízo ao seu
direito de decidir. Trata-se unicamente de evitar que a inércia que leva o ser
humano a protelar decisões tire-lhe a oportunidade de dispor de uma renda
maior na aposentadoria.
Reunião na Procuradoria - Nesse sentido, Luis
Ricardo já manifestou o desejo de, em uma reunião na PGFN, expor não apenas as
motivações que amparam a proposta, desde a vontade de garantir cobertura
para um maior número de trabalhadores até oferecer a poupança de que o País
tanto precisa para prosperar, como o amplo conjunto de argumentos que mostram a
constitucionalidade e legalidade do que se está propondo.
A Vice-presidente da
Anapar, Cláudia Ricaldoni, salientou que o fomento do sistema é necessário e
irá beneficiar um número muito maior de trabalhadores. Por sua vez, Nilton
Molina, presidente do Conselho de Administração da Mongeral Aegon e
representante de patrocinadores e instituidores no CNPC, reforçou o
entendimento de que o mecanismo, da forma como está sendo proposto, preserva
inteiramente a adesão a um plano como um gesto inteiramente facultativo, fruto
de uma opção feita pelo trabalhador com inteira liberdade.
“O CNPC tem toda a
legitimidade para enfrentar a questão e decidir”, sublinhou Luis Ricardo.
E ao fazê-lo, acrescentou
Gueitiro Matsuo Genso, Presidente do Conselho Deliberativo da Abrapp, o
Conselho estará exercendo o papel que mais lhe cabe nesse momento, o de pensar
estratégicamente o futuro do sistema.
Gueitiro sugeriu, inclusive, que o CNPC
dedicasse as suas próximas reuniões à tarefa de estruturar uma agenda
estratégica, tal é a urgência disso.
Diário dos Fundos de Pensão