Amil vai mudar de dono, e consumidor perde o sono.
Situação é delicada
no mercado de planos de saúde.
Insegurança
institucional, má gestão econômica, recessão persistente, inflação e desemprego elevados estão tornando o
Brasil tóxico para grandes companhias internacionais.
Agora, UHG (UnitedHealth
Group), dono da Amil –uma das maiores em planos de saúde– também estaria
carimbando seu passaporte só na ida. Isso provocará mais concentração no
mercado de planos de saúde e no segmento hospitalar, pois um dos braços da UHG
no país é uma rede de hospitais e clínicas médicas.
Este exílio
voluntário se soma aos da Ford, Audi e Mercedes-Benz (montadoras); Sony
(televisões, câmera e áudio); Roche e Eli Lilly (medicamentos); Fnac (livros e
produtos eletrônicos); Nikon (óptica e imagem); Nike (artigos esportivos),
dentre vários outros.
No mercado de
planos de saúde, a situação é delicada, porque os brasileiros valorizam a carteirinha
para ter acesso a consultas, exames e internações.
E essa valorização aumentou
muito devido à pandemia de coronavírus. Mas nem todos têm acesso a este objeto
de desejo: idosos, por exemplo, têm de desembolsar milhares de reais para
contratar assistência privada à saúde.
Com o desemprego na
casa dos dois dígitos, milhões ficam sem este benefício pago pelo empregador.
Os planos coletivos (empresariais ou por adesão) representam mais de 80% da
cobertura. No total, 48 milhões de brasileiros têm planos de saúde.
Como ficam os usuários
da Amil?
Os mais de 300 mil da carteira deficitária de planos individuais foram
transferidos para a APS (Assistência Personalizada à Saúde), que teria sido
capitalizada pelo UHG com R$ 3 bilhões.
Os usuários reclamam que houve cortes
na rede de assistência, antes mesmo de serem transferidos para a APS. A
carteira total da Amil tem quase 6 milhões de vidas.
Uma última observação: mesmo que haja a promessa de manter o
plano na APS, a experiência mostra que, com o tempo, os consumidores perdem
qualidade e abrangência de rede.
Com a palavra, a ANS.
FOLHA DE SÃO PAULO