A Postal Saúde, operadora de planos de assistência
médica dos Correios, tornou-se centro de uma disputa na Justiça.
Os
funcionários queriam manter os pais e mães nos convênios em novo acordo
coletivo, mas a estatal não concordava devido às dificuldades financeiras.
Estes dependentes representaram 30% das despesas em 2018, o equivalente a R$
521,3 milhões.
Diante do impasse, o Tribunal Superior do Trabalho
(TST) sugeriu prorrogar os termos do acordo vigente por mais 30 dias, algo
rejeitado pelos Correios.
Sem o acordo, foram excluídos 50.541 usuários do
plano. Em documento obtido pelo Valor, o departamento jurídico da estatal
argumentou que, sem a redução dos custos de folha de pagamento, não é possível
continuar com o serviço postal.
A possibilidade de incluir os pais como dependentes
no plano de saúde começou a ser oferecida aos funcionários em 2003.
Até agora,
tinham direito à inclusão os empregados com salário de até R$ 2,5 mil – que
representam 80% da base da estatal -, cujos pais recebessem até 1,2 salário
mínimo por mês e tivessem mais de 55 anos, informou José Aparecido Gimenes
Gandara, presidente da Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores
e Trabalhadoras dos Correios (Findect).
Segundo um executivo do setor, as controladas
Postal Saúde Postalis são os principais gargalos para o plano de privatização
dos Correios.
Outra fonte disse que se a operadora de convênios médicos parasse
de funcionar, os débitos, principalmente com hospitais, seriam de cerca de R$
800 milhões.
Meses atrás, a diretoria da Postal Saúde reuniu-se com o órgão
regulador e havia se comprometido a manter os pagamentos em dia.
O Postal Saúde teve receita de R$ 1,82 bilhão em
2018, queda de 2,47%.
Nos últimos meses, o avanço nas discussões sobre a
privatização da estatal fizeram disparar o uso do plano pelos usuários, disse
uma fonte próxima à Postal Saúde.
A despesa subiu cerca de R$ 30 milhões em um
mês.
A decisão dos Correios de não prosseguir com as negociações do acordo
coletivo levou a Findect e a Federação Nacional os Trabalhadores em
Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect) a convocarem greve. “Estamos
sem acordo coletivo. Marcarmos paralisação a partir do dia 10”, disse Gandara.
A Fentect convocou greve para hoje, a partir das 22h.
Em nota, os Correios afirmaram que apresentaram sua
real situação econômica nas reuniões com as entidades e fizeram propostas de
acordo considerando o prejuízo acumulado da companhia, de cerca de R$ 3
bilhões.
VALOR ECONÔMICO