DÓLAR


Dólar cai 0,76% com Copom e cenário fiscal no radar.


O dólar acelerava as perdas em relação ao real nesta terça-feira (10), com os participantes do mercado reagindo à ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central e digerindo as mudanças previstas na PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos precatórios.


Perto das 15h, o dólar recuava 0,76%, a R$ 5,2060, após uma manhã marcada por volatilidade. 

A moeda oscilou entre R$ 5,2630 na máxima e R$ 5,1860 na mínima do pregão.


Fornecendo apoio ao real, a ata do Copom, divulgada mais cedo, indicou que apertos seguidos e sem interrupção nos juros básicos são necessários para levar a taxa Selic para patamar acima do neutro, para que assim as projeções de inflação fiquem na meta.


Dados desta terça-feira mostraram que a inflação oficial brasileira acelerou com força em julho e atingiu o nível mais alto para o mês em quase 20 anos ainda sob intensa pressão dos preços da energia elétrica, levando a taxa acumulada em 12 meses a encostar em 9%.


"As pressões inflacionárias altas e em disseminação, pressões intensas na inflação de custos e a perspectiva construtiva para a atividade durante o segundo semestre de 2021 e mais estímulo fiscal devem levar o Banco Central a continuar a normalizar a política monetária e, possivelmente, antecipar e acelerar o caminho até a neutralidade da política monetária", escreveu Alberto Ramos, do Goldman Sachs, em relatório.


Juros mais altos no Brasil tendem a elevar a atratividade do mercado de renda fixa local, intensificando a entrada de recursos estrangeiros e, consequentemente, elevando a oferta de dólares no país. 


Desta forma, a tendência é de desvalorização da moeda americana.


Enquanto isso, no front fiscal, o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, afirmou nesta terça-feira que o Brasil como ente soberano tem capacidade de honrar o pagamento na íntegra dos precatórios, mas que o governo propôs uma PEC para parcelar essa conta para compatibilizar o crescimento "extraordinário" dessa despesa com a regra do teto de gastos.


O secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, disse que, sem a PEC, o governo será obrigado a pagar a conta de precatórios de 89,1 bilhões de reais em 2022, o que inviabilizaria várias despesas públicas.



No exterior, o índice do dólar continuava em patamares elevados. Recentemente, sinais de melhora no mercado de trabalho dos Estados Unidos elevaram as apostas de que o Federal Reserve (fed, banco central americano) vai reduzir seu programa de compra de títulos.


Na segunda-feira, essas expectativas foram alimentadas por comentários mais "hawkish" (termo usado pelo mercado para indicar uma maior preocupação dos bancos centrais com a inflação e a consequente intenção de aumentar ou manter elevadas as taxas de juros do país), de duas autoridades do banco central americano.


A reversão de estímulos e eventual elevação de juros nos EUA são vistas por muitos economistas como possível fator de impulso para o dólar, uma vez que elevariam o ingresso de recursos na maior economia do mundo.





FOLHA DE SÃO PAULO
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