BC corta Selic em 0,5 ponto,
para 13,25%; Campos Neto e Galípolo concordam
Copom inicia flexibilização três anos após último movimento de queda da
taxa básica
O Copom (Comitê de Política Monetária)
do Banco Central anunciou nesta quarta-feira
(2) o primeiro corte de juros no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com a redução da taxa
básica (Selic) em 0,5 ponto percentual, de 13,75% para
13,25% ao ano.
A decisão, contudo, não foi
unânime. O placar foi de 5 a 4, incluindo votos dos primeiros diretores
indicados por Lula –Gabriel Galípolo (Política Monetária) e Ailton Aquino
(Fiscalização)– do presidente do BC, Roberto Campos Neto, além de Carolina Barros
(Administração) e Otávio Damaso (Regulação).
Os votos divergentes foram de
Diogo Guillen (Política Econômica), Maurício Moura (Relacionamento, Cidadania e
Supervisão de Conduta), Fernanda Guardado (Assuntos Internacionais e de Gestão
de Riscos Corporativos) e Renato Dias Gomes (Organização do Sistema Financeiro
e Resolução), que defenderam uma redução de 0,25 ponto percentual.
O comitê disse ter avaliado a
alternativa de fazer um corte mais conservador no primeiro movimento, de 0,25
ponto percentual, mas considerou ser "apropriado" adotar uma redução
de 0,50 ponto percentual nesta reunião. Como justificativa, citou a melhora no
quadro inflacionário.
Quanto aos próximos passos, o
colegiado do BC indicou que pretende repetir cortes de 0,5 ponto percentual nas
próximas reuniões.
Com essa decisão, o BC abre o
ciclo de flexibilização monetária três anos depois do último movimento de queda
da taxa básica.
Em agosto de 2020, a Selic foi levada ao piso histórico de 2%
em meio à pandemia de Covid-19.
A Selic ficou um ano parada no
patamar de 13,75%, apesar da pressão do governo Lula e das críticas de
empresários, depois de o BC ter promovido o mais longo choque de juros da
história do Copom.
Foram 12 aumentos consecutivos entre março de 2021 e agosto
do ano passado, com elevação de 11,75 pontos percentuais.
FOLHA DE SÃO PAULO