Diante da tendência de envelhecimento da
população brasileira e da cifra já elevada do gasto com aposentadorias e
pensões, dentro de menos de 50 anos o Brasil gastará, somente com a
Previdência, o equivalente a 20% do Produto Interno Bruto (PIB). Este patamar
será atingido em 2060. A proporção subirá para 24,7% em 2100 — se nada for
feito. Os dados constam de um estudo, obtido com exclusividade pelo GLOBO,
realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O documento,
prestes a ser publicado, considera a projeção demográfica da Organização das
Nações Unidas (ONU).
No ano passado, a despesa com aposentadorias,
pensões e benefícios assistenciais (pagos a idosos e deficientes da baixa
renda) atingiu R$ 583,3 bilhões, somando trabalhadores do setor privado e
funcionários públicos federais. O valor representou 50,3% da despesa primária
total da União e cerca de 9,9% do PIB. Demais benefícios como auxílio-doença,
acidentários, não foram incluídos nos cálculos.
— A trajetória da despesa com Previdência, sem
reforma, é insustentável a médio e longo prazos — afirma Rogerio Nagamine
Costanzi, responsável pelo estudo, com Graziela Ansiliero.
Ele aponta pelo menos três razões para justificar a
reforma da Previdência. Primeiro, considerando só o Regime Geral de Previdência
Social (INSS), a despesa já vem crescendo, tendo subido de 4% do PIB na década
de 90 para 7,4% em 2015 (e podendo chegar a 8% este ano). Segundo, somando-se o
regime próprio da União aos benefícios assistenciais, o gasto chega a 12% do
PIB, o mesmo patamar de países em que a população de idosos é pelo menos o
dobro da do Brasil. Em terceiro, o envelhecimento populacional, que vai
pressionar a despesa em proporção ao tamanho da economia.
O Globo + G1